“A direita suicida é aquela que, em vez de se unir em torno de princípios comuns, se divide em disputas internas e personalismos, enfraquecendo-se a si mesma,” disse Olavo de Carvalho, apontando para uma tendência autodestrutiva que ele via como um dos maiores males do movimento conservador no Brasil.
O mesmo Olavo também nos deu dois avisos: era preciso criar uma militância organizada, comprometida em apoiar Jair Bolsonaro; e era urgente provar, através de uma tese científica, a infiltração e doutrinação marxista nas universidades.
Fomos prevenidos de que sem unidade no movimento patriótico brasileiro não havia chance de vencer Era preciso, em um primeiro momento — na ausência de intelectuais, doutrina e projeto nacional —, apoiar a principal figura e seu grupo político.
Projetos pessoais, ambições individuais e divergências infantis impediram que fosse criada tal militância. É preciso notar também que muitos parlamentares demonstram — além de uma sede indiscreta por protagonismo — uma indisposição em apoiar Bolsonaro em suas articulações ou narrativas. Não é nenhuma loucura afirmar que o bolsonarismo é composto também por muitos quadros que tentam pautar e drenar popularidade do presidente muito mais do que apoiá-lo.
O movimento contracultural brasileiro — ou simplesmente “direita”, se você preferir — também é avesso, de alto a baixo, a seguir orientações e comandos de qualquer liderança. A direita quer um líder que resolva seus problemas, mas sozinho, sem seu apoio ou disposição para a ação. Não querem um líder, — pois não querem ser liderados —, querem um pai.
Para quem quiser saber como funciona a tal militância mencionada pelo professor Olavo, basta analisar como os parlamentares, militantes, jornalistas e demais agentes a serviço do PT agiram quando Lula foi acusado de ser a causa do roubo aos aposentados. Parlamentares, comunicadores e demais agentes dispararam impiedosamente — e sem corar as bochechas — que Bolsonaro era o responsável pelo desvio, descoberto durante o governo Lula porque este viabilizou a investigação.
Aqueles que se comprometem com Lula, brigam por cada milímetro do terreno político nacional, sem jamais desrespeitar a hierarquia do partido ou a intelligentsia comunista.
Deveríamos mentir para proteger Bolsonaro? Ou nos portar como uma matilha enfurecida? Não. Não é preciso mentir, apenas saber explicar o que ocorre no cenário político nacional para a população comum. Isto na verdade torna a militância mais leve, fácil e justificável. É complexo explicar para o brasileiro que nunca viveu a cidadania e está tentando se libertar da influência cultural do petismo gramscista, que para ter certos resultados na política nacional é preciso que ele ouça o que seu líder tem a dizer sobre assunto A ou B. Política é sobre amigos contra inimigos. Em ambientes muito civilizados, às vezes é possível que a tensão seja entre projeto A contra projeto B, ou ideia A contra ideia B. Mas no Brasil de hoje, esse ambiente civilizado e pacificado não existe. Na verdade, estamos lutando para retomar o Brasil.