Wokismo e a excelência da gestão do nosso sistema de ensino: acorde!

Por 5º Elemento

02/09/2024

Wokismo e a excelência da gestão do nosso sistema de ensino: acorde!

Uma das lendas urbanas mais conhecidas no Brasil é a de que nosso sistema educacional não traz bons resultados por falta de recursos ou má gestão. Afinal, há décadas temos evidências de que o que as escolas brasileiras vêm formando é um exército de analfabetos funcionais, cada vez mais egocêntricos e incapazes de viver sem o auxílio do Estado. Os resultados do IDEB 2023 mostram queda no indicador de desempenho em mais da metade dos municípios e estados brasileiros. Donde se conclui: que outras justificativas haveria?

Aos fatos: não somos ricos, mas gastamos em educação por aluno por ano, pouco menos do que gastam os chilenos, por exemplo, cujos resultados no PISA são muito superiores aos nossos. No exame PIRLS, que mede o progresso em leitura no 4º ano, o Brasil pontuou em 2021, significativamente menos que 58 do total de 65 países e regiões de referência participantes da avaliação. Fomos ultrapassados, por exemplo, por “potências” como o Uzbequistão e o Azerbaijão, cujos gastos em educação primária por aluno por ano são inferiores aos nossos. Nas últimas décadas, houve por aqui um aumento significativo no volume de recursos gastos, inclusive com investimento na formação docente através do ProUni e do Fies. Além disso, desde 2021, o FUNDEB foi tornado permanente na Constituição Federal e no seu novo formato, está direcionado a promover maior equidade entre os municípios no acesso a recursos financeiros. 

Estaria havendo uso ineficiente desses recursos? A qualidade da formação docente é insuficiente? As estratégias propostas através do Plano Nacional de Educação (PNE) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) são inadequadas? Antes de responder essas indagações, precisamos perguntar: ‘para quem? Evidentemente, para os estudantes, que têm amargado fracassos e para pais, mães e pagadores de impostos, que arcam com os custos, a resposta é ‘sim’. Tolos que somos, acreditamos que o objetivo do Sistema de Educação Básica é garantir que escolas ensinem às crianças as disciplinas básicas necessárias para que se tornem adultos capazes de conduzir sua vida de maneira independente e construtiva, e que estejam aptos a buscar sua realização professional. E é precisamente aí que está o engano e o porquê de a resposta das perguntas acima ser ‘não’.

Não se pode avaliar a qualidade da gestão de um programa se não entendemos quais são os seus objetivos e, para a elite educrata Woke – os “especialistas” – à frente desse Sistema, os objetivos são outros. Para eles, o Sistema existe para servir a si mesmo e aos seus “stakeholders” – grupos de interesse que efetivamente têm alguma voz nas decisões que movem o Sistema. Aí estão incluídos, políticos, sindicatos, ONGs apoiadas por grandes corporações e empresas de porte, principalmente editoras, consultorias e construtoras. 

Isso explica por que os educratas Woke, ao invés de aprender com as práticas exitosas e modificar as estratégias implementadas ao longo de décadas, diante dos resultados obtidos, escolhem aprofundá-las. Trata-se de uma escolha racional justamente visando a uma gestão que amplifique o escopo dos objetivos já alcançados. Por exemplo, não é outra a razão da insistência dos “especialistas” no uso da abordagem socioconstrutivista na alfabetização. Eles não ignoram as evidências da eficiência do método fônico. Apenas, ocorre que ele não leva aos objetivos estabelecidos: adiar ou inviabilizar a alfabetização na idade correta da maioria das crianças. Evidentemente, pais, mães e pagadores de impostos não são considerados “stakeholders” pela mesma razão: os seus objetivos são incompatíveis com aqueles que têm sido plenamente atingidos, seja na entrega de retornos financeiros milionários, seja através de novos e mais amplos poderes para a seita Woke influenciar o futuro – até porque estamos falando da (de)formação de crianças. 

Portanto, não há má gestão. É preciso lembrar que cabe a essa elite um dos papeis mais relevantes dentro da estrutura da seita Woke: atuar na captura e transformação das instituições educacionais. Isso envolve estratégias múltiplas para manter articulados e alinhados aos seus objetivos, grupos não necessariamente Woke, como frequentemente é o caso de sindicatos e empresários – ainda que esses últimos precisem ceder ao poder da máfia ESG. Além de coordenar esses interesses, a elite da seita precisa demonstrar comprometimento com a doutrina e reverência aos seus gurus – lembrando que Paulo Freire está entre os três autores mais citados nas teses de mestrado e doutorado no Brasil. (Karl Marx e Michel Foucault são os outros dois.) É necessária uma exibição pública, uma performance, no sentido de simulacro, convincente e impactante para desencorajar desertores, manter o engajamento dos fiéis, e atrair novos sectários. 

As universidades já foram cooptadas e transformadas, mas é preciso pensar no futuro; ou seja, focar na Educação Básica. Isso envolve estabelecer planos e diretrizes baseados na doutrina Woke, investir na formação de militantes e aliciadores, que atuarão como “professores”, e implementar programas pseudopedagógicos baseados em abordagens “críticas”. É preciso transformar (desconfie desse termo sempre que o vir no contexto educacional) a sociedade, destruindo as instituições que “reproduzem” e “reforçam” o status quo. Como escolas por exemplo. Mais do que isso: é preciso criar um novo homem, com uma “nova sensibilidade” – o cidadão global. Assim, não basta que o Sistema continue produzindo estudantes incapazes de ler, escrever e fazer contas básicas. O cidadão global deverá ser suficientemente fraco, covarde e narcisista para que seja manipulável e dependente das elites dirigentes. Ao mesmo tempo, deverá ser resiliente e comprometido com a coletividade para que renuncie aos seus projetos próprios e siga trabalhando pela sustentabilidade (da elite) global e pela Justiça Social (AKA comunismo). 

Sim, chegar a esse equilíbrio é um desafio, já que nem todas as pessoas psicologicamente abaladas desde a infância conseguirão exercer adequadamente as tarefas que lhe forem atribuídas. Mas, com sua habitual eficiência, os educratas Woke estão há pelo menos 30 anos trabalhando em uma solução para isso, reconfigurando totalmente algo que, para nós parece inofensivo, ou mesmo benéfico. Até porque, não nos é informado que, da ideia original, só resta o nome: Aprendizagem Socioemocional (ASE). 

A ASE, ou SEL (Social and Emotional Learning), em inglês, já está presente de forma mais ou menos nefasta em todas as escolas americanas. Está nos documentos orientadores da ONU visando à Agenda 2030. Está começando a ser incorporada em exames internacionais da OCDE. Está também nos acordos de cooperação que o Brasil faz com a Unesco também visando à Agenda 2030. Está em documentos distribuídos pelo MEC na forma de manuais de implementação.E pior, está na nossa BNCC, o que significa que desde 2018 precisa ser incluída em todos os currículos de todas as escolas brasileiras – inclusive na Educação Infantil. Afinal, é preciso aproveitar a fase em que as mentes são mais maleáveis. 

Não tenho um mapa de como a aplicação da ASE está se dando no Brasil no sentido de quão cooptada foi pelo Wokismo, mas sei que sua referência principal, aquela que está presente em documentos oficiais do MEC e nos sites de ONGs brasileiras bem financiadas é o CASEL (Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning), organização fundada em 1994. Exatamente a mesma organização que é hegemônica nas escolas americanas. Nos Estados Unidos, a ‘Social and Emotional Learning’ (SEL) – que já era Woke desde pelo menos 2016, “evoluiu” para um modelo ainda mais radical, o Transformative SEL, explicitamente coletivista, anticapitalista e identitarista. No entanto, já há críticas de que não é culturalmente responsiva e inclusiva o suficiente. 

Desde que a ASE foi implementada nas escolas americanas de forma sistêmica – entranhada em todas as disciplinas – os resultados de leitura e matemática nos exames oficiais vêm caindo vertiginosamente. Ao mesmo tempo aumentaram os casos de depressão e ansiedade. Correlação não é causa, sabemos, mas é preciso que deixemos de ingenuidade. O sistema educacional brasileiro – que sempre macaqueou modinhas “pedagógicas” americanas – é planejado e coordenado por educratas Woke. E até aqui, lamentavelmente, eles têm tido enorme sucesso. Quem está gerenciando mal as informações somos nós.

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