O direitista puro-sangue

É comum, nas bandas tupiniquins, que grupos políticos, órgãos de mídia e vozes do debate público nacional posem como seres iluminados, que debatem política sem paixão.

Essas criaturas dizem ter projetos nacionais, soluções para o Brasil e ideias disruptivas para melhorar a vida do povo. Mas, olhando com um pouco mais de atenção, seus planos, poses e gestos não passam de jargões advindos dos setores mais baixos do intelecto.

Soluções mágicas, extremamente abstratas, mal explicadas e carregadas de emocionalismo dominam o debate público brasileiro. É difícil encontrar uma voz pública que não seja mero defensor de uma tese e que articule alguns clichês para tentar dar substância às suas ideias.

A indicação de Flávio Bolsonaro para ser o presidenciável e herdeiro do capital político de seu pai gerou intensos debates quanto à legitimidade da indicação, e sobre qual grupo ou político faz parte da verdadeira direita. É natural que, com a ascensão eleitoral da direita, grupos, pessoas e organizações tentem abocanhar esse capital político, gritando aos quatro ventos serem os verdadeiros direitistas, os direitistas puro-sangue.

Mas é preciso pensar o que gerou todo esse movimento político: como foi possível capitalizar a insatisfação popular em torno de um grupo, ideologia ou projeto?

O Brasil sofre de mazelas que atingem diretamente o cidadão comum, como a ausência total de segurança diante do crime organizado, o empobrecimento gradativo e a perda de direitos fundamentais, como liberdade de expressão, culto e pensamento. E as causas dessas mazelas estão diretamente conectadas com o projeto de governo burocrático mundial.

Alguém pode dizer que o maior problema do Brasil é o PT e a esquerda nacional — esta que exerce o poder por aqui é articulada internacionalmente, intimamente ligada ao crime organizado e demais organizações de seu entorno — alegando que o melhor a ser feito neste momento é tirar Lula da Presidência com uma união do centro e da direita. Quem vier com essa conversa demonstrará plena ignorância do fato de que a ascensão da esquerda na América Latina teria sido impossível sem o apoio dos círculos globalistas. As relações entre o Diálogo Interamericano e o Foro de São Paulo datam, pelo menos, de 1993. A ligação próxima da elite “progressista” americana com a narcoguerrilha colombiana ficou mais que provada com as visitas de importantes dirigentes da Bolsa de Valores de Nova York aos comandantes das FARC.

Os cidadãos brasileiros, mesmo sem compreender a totalidade da trama, têm expectativas de que o Estado retome sua autonomia para combater o crime, desburocratizar a economia e fazer valer suas leis.

É preciso que o direitista puro-sangue seja um articulador da resistência a esse projeto de governo global e que apresente um projeto político nacional, ciente de que está diante de um vasto e poderoso aparato, com agentes dispostos a anular suas decisões e a degradar a soberania da nação, enquanto transferem seu centro decisório para outro país. 

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