O centrão não desiste de sabotar o bolsonarismo

Publicado em 22 de Dezembro de 2025

O Centrão continua mostrando sua verdadeira face: posa de aliado de Jair Bolsonaro e da direita conservadora, mas, nas sombras, tenta sabotar o projeto que de fato representa a base bolsonarista.

Com o anúncio oficial da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em dezembro de 2025 – escolhido diretamente pelo ex-presidente como seu sucessor –, líderes do PP, União Brasil e Republicanos expõem o jogo duplo que praticam há tempos.

Durante todo o ano de 2025, eles fingiram lealdade. Participaram de atos bolsonaristas, deram entrevistas sobre unidade da direita e adiaram a escolha do candidato, sempre com uma data futura em mente – março, abril, maio, agosto, setembro… Nos bastidores, porém, plantavam nas colunas políticas o nome preferido: Tarcísio de Freitas.

Mas Jair não seguiu o script que eles queriam e indicou o filho Flávio. Aí veio, mais uma vez, a resistência: preferem nomes mais “negociáveis”, que abram espaço para o Centrão fazer o que sempre fez.

Agora, apostam – e plantam na imprensa – que Flávio vai desistir.

Esse comportamento reiterado de não aceitar que as coisas não sejam como eles querem, explica por que não fizeram nenhuma força pela anistia aos presos do 8 de janeiro. Posaram de solidários o ano inteiro, mas priorizaram agendas pessoais nos bastidores.

O que mais incomoda o Centrão é a verdade nua e crua: não existe direita sem Bolsonaro. O bolsonarismo é o motor do conservadorismo brasileiro atual.

Logo após o anúncio da candidatura de Flávio, ele cresceu rapidamente nas pesquisas, consolidando apoio maciço na base conservadora nas redes e em atos públicos (aliados de Flávio destacam que há espaço para crescer ainda mais com articulação ampla e presença digital forte). Esse avanço rápido superou as expectativas iniciais, provando que o eleitorado bolsonarista não desanima fácil – e isso incomoda profundamente os planos do Centrão, que via em outros nomes uma forma mais fácil de manter influência.

Ciro Nogueira é o exemplo mais patético dessa ambiguidade e oportunismo. O chefe do PP passou meses apostando todas as fichas em Tarcísio de Freitas, plantando que seria o vice ideal nessa chapa “controlável”. Reforçava apoio verbal a Bolsonaro, mas, nos bastidores, descartava nomes bolsonaristas puros e sonhava com um “equilíbrio” que na verdade significava mais poder para o Centrão.

Agora, com a escolha irreversível de Flávio, Ciro acumula dois problemas graves: o eleitorado do Piauí já o descartou para a reeleição ao Senado em 2026 – pesquisas recentes o colocam em dificuldades, atrás de nomes da base aliada ao governo –, e Jair Bolsonaro descartou de vez o candidato que poderia dar a ele uma vaga de vice. Adivinha? Ele mudou de ideia e diz que prefere “um milhão de vezes” Flávio a Tarcísio.  Pode ser o famoso rodízio de faltas do futebol, quando cada vez um jogador pára o jogo para evitar o cartão. 

É o cálculo clássico do Centrão dando errado: sugar votos conservadores sem compromisso real com a agenda da base. O anúncio tornou a candidatura irreversível para a base bolsonarista, que vê no filho de Jair o legado familiar. O Centrão “apoiou” Bolsonaro o ano todo só para sugar votos da direita, mas resiste agora porque Flávio não abre tanto espaço para conchavos.

No fim, o Centrão sabe que não controla o bolsonarismo de verdade. O que querem é colocar no Planalto alguém que eles possam manipular e negociar à vontade, como nos velhos tempos. Mas a base conservadora não cai nessa: valoriza lealdade e princípios acima de acordos fisiológicos. E o Centrão sabe disso e, por isso, não para de tentar sabotar o bolsonarismo.

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