
Publicado em 17 de Outubro de 2025
Em um artigo recente, falamos sobre o medo que tomou os grandes banqueiros e investidores nacionais. O pânico da Faria Lima não é uma birra, é o susto de ver que o mundo, aos poucos, não joga mais no time deles. O novo representante de comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, lembrou-lhes de que um país forte é o que produz o que consome. Aqui, as fábricas continuam fechando, o desemprego segue alto e a dívida idem.
O problema que vivemos já foi explicado e remediado há mais de 200 anos. Em 1791, o americano Alexander Hamilton, primeiro ministro da Fazenda dos EUA, escreveu um relatório que deveria ser leitura obrigatória – mostrou o que faz um país crescer (produzir o seu próprio pão, o seu próprio remédio, o seu próprio carro) e que o empobrece (viver de crédito e comprar tudo de fora). Hamilton convenceu os EUA a proteger a sua indústria nascente, investir em fábricas, escolas e estradas e criar emprego dentro de casa.
A crise que o Brasil vive hoje é, antes de tudo, uma crise de soberania – ou seja, de controle sobre o próprio futuro. Um país que não fabrica o que usa não manda em si mesmo. Aqui, quase tudo vem de fora: remédio, fertilizante, chip de celular. Quando algum desses produtos faltam, seja por guerra, sanção ou por preço, ficamos de mãos atadas.
A saída para tal dependência – apontada por Hamilton – ainda funciona: o Brasil precisa colocar os próprios interesses em primeiro lugar. O governo precisa identificar setores vitais como saúde, alimentação, energia, tecnologia e defesa, e protegê-los com medidas concretas: taxar importação que compete com produto nacional, dar incentivo para quem investe dentro do país e exigir que o que é vendido no Brasil seja, ao menos em parte, produzido por brasileiros.
O que Hamilton visualizou com seu plano não era só uma questão de dinheiro, era sobre o controle e a organização da vida do país. Quando a indústria é forte, o país inteiro sente o efeito. Do micro ao macro.
Quem defende a importação de tudo e trabalhos por aplicativo como bico, diz que isso é “modernidade”, mas, na prática, produz um povo sem amarras, sem horário, solto dentro dos seus próprios círculos. Uma sociedade atomizada é fácil de mandar e fácil de calar. Já o trabalhador que se orgulha e tem consciência de que está construindo um país, sabe que está fazendo algo que não depende de like nem das regras do app. Uma indústria forte nacional cria cidadãos que podem dizer não, e isso incomoda.
Chegou a hora de o Brasil decidir que futuro quer. Aqui, a indústria está quebrando por um plano, não por azar ou incompetência. Quem ganha com o jeito atual é a mesma turma que opera da Faria Lima para baixo: importador que vive de revender produto chinês, consultor que ganha para dizer que país nenhum precisa de fábrica, grandes bancos que lucram enquanto a dívida sobe. Uma nação é pátria, bandeira, língua e gente que precisa de um futuro. Dar as rédeas do destino ao povo brasileiro passa por fortalecer o mercado e a indústria nacional. Sem isso, o Brasil continuará sendo o “celeiro do mundo”, vendendo seu futuro e importando sua ruína.