O Partido dos Trabalhadores (PT) ressuscitou seu velho refrão de “ouvir o povo”, uma cortina de fumaça para disfarçar o que realmente é: um partido desconectado, arrogante e afogado em contradições. A promessa de escutar a população não passa de teatro barato, porque o PT nunca quis ouvi-la — quer ser adorado, obedecido e eternamente perdoado. Enquanto finge se aproximar das bases, escava um abismo ainda maior entre o partido e o povo que diz representar, um povo sufocado por suas escolhas e colocado no fim da fila das prioridades.

O histórico de roubalheira fala por si. O Mensalão, com milhões desviados para comprar apoio político, e o Petrolão, um assalto bilionário que drenou a Petrobras, não foram deslizes — foram ataques diretos ao dinheiro público. Recursos que poderiam aliviar o preço da comida, qualificar o atendimento de saúde e reforçar a segurança, se transformaram em propina para engordar a cúpula petista e seus comparsas. A militância, em vez de cobrar, bateu palma, gritou “golpe” e transformou corruptos em heróis, enquanto o povo fazia malabarismo para pagar o pão.

O presente é um espelho cruel dessa herança. O custo da comida explodiu, o prato vazio é uma realidade que o PT ignora, e a inflação devora o orçamento de quem já vive, literalmente, no osso, na carcaça do frango. A insegurança pública virou epidemia: ruas entregues à violência, cidadãos trancados em casa pelo medo, e um governo que prefere discursos a soluções. Mas as mordomias seguem intactas — jatinhos, palácios, banquetes e privilégios obscenos, tudo bancado pela população que mal respira. Ouvir o povo? Só se for o eco da revolta que o partido finge não escutar.

A hipocrisia atinge o ápice na justiça de duas caras que o PT defende com unhas e dentes. Os mesmos que hoje acham justo prender a Débora Rodrigues e mais milhares de brasileiros em 8 de janeiro de 2023 — gente comum, muitas vezes ingênua, pega no tumulto de um dia insano — e os tratam como ameaça máxima à democracia, aplaudem os que foram anistiados no passado por crimes graves. Ladrões de banco, sequestradores e assassinos, que mancharam as mãos de sangue sob a bandeira da “luta pela liberdade”, ganharam perdão e medalhas, enquanto o PT os venera como mártires. Que legitimidade tem um partido assim para falar em povo, quando sua balança pende descaradamente para os seus?

O PT jamais vai se conectar com o povo porque caminha na contramão do que o brasileiro clama. As ruas imploram por comida acessível, segurança nas ruas e um governo que pare de esbanjar luxos enquanto a fome aperta, mas o PT oferece só bravatas, saudosismo de um passado inventado e uma soberba que rejeita a autocrítica. “Ouvir o povo” é um slogan vazio para quem prefere pregar a escutar, que vê o dissenso como crime e o cidadão como peça de um jogo ideológico. O povo já se manifestou — no silêncio das geladeiras vazias, no pavor de andar na rua, na raiva de sustentar regalias — mas o PT segue surdo, agarrado a um delírio de grandeza que o afasta cada vez mais do cidadão comum. Enquanto não largar essa máscara, vai continuar falando para uma plateia que está cansada de esperar.

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