Trump anunciou tarifas de 104% sobre produtos chineses. O establishment reagiu como de costume: em nome do “livre-comércio”, denunciou “populismo”, “isolacionismo” e “retrocesso”. Mas a verdade é incômoda demais para ser admitida: Trump apenas retomou o que Alexander Hamilton já defendia em 1791 — com clareza estratégica e sem pedir licença.

No Relatório sobre as Manufaturas, Hamilton escreveu:

“O sistema de perfeita liberdade de produção e comércio […] está muito distante de caracterizar a política geral das nações. […] A Europa não recebe os produtos do nosso solo em termos coerentes com o nosso interesse. O remédio natural é contrair o quanto antes a nossa demanda dos seus.”

Hamilton não era ideólogo. Era realista. Sabia que o “livre-comércio” era uma ficção vendida aos países periféricos, enquanto as potências faziam exatamente o oposto: subvencionavam suas indústrias, protegiam seus mercados e forçavam o resto do mundo a abrir mão de sua autonomia produtiva.

Trump entendeu o princípio. O Brasil, não.

Enquanto os EUA refazem suas tarifas, reindustrializam e blindam cadeias críticas, o Brasil segue como aluno repetente do Consenso de Washington. Desmontou sua indústria, terceirizou sua infraestrutura, vendeu ativos estratégicos a preço de banana — tudo isso em nome de uma suposta “integração competitiva” ao mercado global.

O resultado está aí: dependência tecnológica, vulnerabilidade logística, desocupação estrutural, exportações primárias e uma elite que acha bonito ser cliente da China, desde que possa continuar frequentando Nova York.

Hamilton já havia avisado: soberania não é discurso. É política industrial. É crédito. É tarifa. É fábrica; chão de fábrica. O resto é servidão elegante.

Trump sabe o que está em jogo e age em defesa da centralidade produtiva dos EUA no tabuleiro global. Já o Brasil, viciado em obedecer manuais estrangeiros, segue confundindo colônia bem comportada com país integrado. E chama isso de modernidade.

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