Escrito por Lorenzo Carrasco e Geraldo Luís Lino – Publicado em 12 de Outubro de 2025
Quatro anos após ser criada, a Net Zero Banking Alliance (NZBA), a maior aliança climática do mundo para bancos, anunciou o encerramento de suas operações. A dissolução foi motivada pela debandada de grandes instituições financeiras após intensa pressão do presidente dos EUA, Donald Trump.
Nestes termos, a ONG Climainfo, uma das mais ativas propagandistas da agenda climática no Brasil, lamentou o fim da NZBA, principal entidade representativa do envolvimento direto da alta finança globalizada com a agenda da “descarbonização” da economia mundial, que, até o final de 2024, reunia 141 bancos de 44 países, somando ativos de US$ 61 trilhões.
A rigor, o fim da NZBA era um proverbial fato anunciado, após a saída dos seis pesos pesados que a abandonaram no final do ano passado – Wells Fargo, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Citigroup, Bank of America e JP Morgan Chase, os seis maiores bancos dos EUA.
Em janeiro deste ano, a Net Zero Asset Managers (NZAM), que reunia os megafundos de gestão de ativos, já havia paralisado as atividades após a “deserção” do maior fundo mundial, o todo-poderoso BlackRock, cujo CEO Larry Fink havia sido, ironicamente, um dos principais batedores de bumbo das “finanças verdes”.
Outras entidades que atuam na mesma linha têm experimentado a saída de membros importantes, como a seguradora Munich Re – Net Zero Asset Owner Alliance (NZAOA), Climate Action 100+ e Institutional Investors Group on Climate Change (IICCC).
Tais fatos apontam para uma tendência da qual alertamos em um artigo anterior neste espaço (“Net Zero below zero”) – que antecede o retorno de Trump à Casa Branca – observada ao longo de todo o ano de 2024: o esvaziamento progressivo da agenda climática e das correspondentes “finanças verdes” – no caso, podendo-se falar de um proverbial desbotamento.
Característico de tal tendência é o discreto arquivamento dos compromissos anteriormente assumidos com a pauta do “carbono zero líquido” (Net Zero) pelas grandes petroleiras internacionais, que têm voltado a concentrar esforços na expansão da sua atividade-fim, a exploração de hidrocarbonetos. Este é o caso da Shell, BP, ExxonMobil, Equinor, TotalEnergies, ENI e outras.
Algumas delas, aliás, já sinalizam a intenção de investir em tecnologias de energias realmente efetivas para a economia real, como a nuclear e de fusão, para as quais investem em promissores projetos que poderão estar em operação comercial na próxima década (algo que a Petrobras deveria emular).
Por outro lado, é inegável que, como lamentam os trombeteiros “verdes”, Trump tem desempenhado um papel determinante no desmantelamento da agenda do catastrofismo climático nos EUA, cancelando as restrições impostas por seu antecessor Joe Biden à exploração de hidrocarbonetos e infraestruturas, e os incentivos financeiros às fontes energéticas intermitentes – eólica e solar –, ressaltando ainda mais as suas notórias deficiências. As ondas de choque provenientes da limpeza de terreno já se espalham pelo mundo e tendem a reforçar o recuo da tsunami “verde”.
O próprio Trump destacou o assunto em seu recente discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, colocando na retorta os ingredientes do alarmismo sobre as mudanças climáticas e os dissolvendo com seu corrosivo solvente retórico.
Ironizando os prognósticos catastrofistas, disparou: “Em 1982, o diretor-executivo do Programa Ambiental das Nações Unidas previu que, até o ano 2000, a mudança climática causaria uma catástrofe global. Ele disse que seria irreversível, como qualquer holocausto nuclear. Foi o que disseram nas Nações Unidas. O que aconteceu? Aqui estamos. Outro funcionário da ONU declarou em 1989 que, dentro de uma década, nações inteiras poderiam ser varridas do mapa pelo aquecimento global. Não está acontecendo.”
Sem papas na língua, qualificou o alarmismo climático como “a maior vigarice já perpetrada no mundo”. E prosseguiu: “Todas essas previsões feitas pelas Nações Unidas e por muitos outros, muitas vezes por motivos ruins, estavam erradas. Elas foram feitas por pessoas estúpidas que, claro, se aproveitaram da sorte de seus países e não deram a esses mesmos países nenhuma chance de sucesso. Se vocês não se livrarem desse golpe verde, seus países vão fracassar. (…) estou dizendo que, se vocês não se livrarem do golpe da energia verde, seus países vão fracassar. (…)”
Sobre a pegada de carbono, um dos índices criados pelos catastrofistas para justificar suas políticas antidesenvolvimentistas, foi taxativo: “(…) A pegada de carbono é uma farsa inventada por pessoas com más intenções e elas estão trilhando um caminho de destruição total… É um golpe com custos e despesas extremos.”
E não poupou nem mesmo os seus aliados europeus:
“A Europa reduziu sua própria pegada de carbono em 37%. Pensem nisso. Parabéns, Europa! Ótimo trabalho! Vocês perderam muitos empregos, fecharam muitas fábricas, mas reduziram a pegada de carbono em 37%. No entanto, apesar de todo esse sacrifício e muito mais, ela foi totalmente eliminada, e ainda mais, por um aumento global de 54%, em grande parte vindo da China e de outros países que estão prosperando em torno da China, que agora produz mais CO2 do que todas as outras nações desenvolvidas do mundo. Então, todos esses países estão trabalhando arduamente na pegada de carbono, o que é um absurdo, aliás. É um absurdo. É interessante. Nos Estados Unidos, ainda temos ambientalistas radicalizados e eles querem que as fábricas parem. Tudo deveria parar. Chega de vacas. Não queremos mais vacas. Acho que eles querem matar todas as vacas. Querem fazer coisas simplesmente inacreditáveis, e vocês também têm isso.”
Talvez, alguma alma caridosa devesse levar tais considerações ao governo brasileiro, que apostou todas as fichas nas “finanças verdes”, como expõe a declaração do ministro da Fazenda Fernando Haddad, de que pretende “constranger” os países mais ricos a doarem pelo menos US$ 20 bilhões para o chamado Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), no qual seu chefe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já anunciou que o Brasil fará uma contribuição inicial de US$ 1 bilhão.
Constrangidos ficam os brasileiros, diante de tamanha desorientação e desperdício de recursos preciosos que farão falta em áreas realmente necessitadas.