A Tríplice Fronteira, a confluência de Brasil, Argentina e Paraguai, transformou-se, ao longo das últimas décadas, em um verdadeiro quartel-general para o Hezbollah. Não é um fenômeno recente, mas uma infiltração gradual que fez da região um centro vital para as operações do grupo terrorista libanês. Ali, o dinheiro ilícito flui em um complexo esquema de lavagem de dinheiro, enquanto o contrabando de cigarros, drogas e diamantes abastece os cofres para financiar suas ações terroristas no Oriente Médio.
Para agravar o cenário, o PCC, que hoje exerce uma influência assustadora sobre grande área do Brasil, estabeleceu uma parceria de negócios com o Hezbollah, dividindo rotas e lucros. A recente oferta dos Estados Unidos de 10 milhões de dólares por informações sobre essas redes criminosas é um gesto que chega tardiamente e, mais do que uma solução, serve como um espelho da negligência.
Enquanto o Hezbollah expandia sua teia de empresas de fachada e consolidava suas operações ilícitas, os governos da região, incluindo o brasileiro, exibiram uma passividade assustadora. É difícil ignorar o papel de políticos locais que, beneficiados por propinas, simplesmente fecharam os olhos para as atividades criminosas. As autoridades, cientes da gravidade da situação, optaram por um silêncio conveniente. E a imprensa por sua vez nunca deu a devida atenção ao problema. O resultado dessa omissão generalizada? Uma zona que opera quase sem lei; um paraíso para o crime organizado internacional. Um ponto de apoio crucial para o terrorismo.
A recompensa oferecida pelos Estados Unidos é, sem dúvida, um reconhecimento da seriedade do problema. Ela escancara que algo que foi tratado como uma questão “regional” por anos se transformou em uma preocupação global. No entanto, o gesto americano também levanta questões incômodas: onde estavam os EUA quando o Hezbollah começou a se enraizar na Tríplice Fronteira há mais de duas décadas? A falta de ação lá atrás permitiu que o grupo se estruturasse e solidificasse suas operações. E o Brasil, que assistiu o PCC tornar-se um parceiro de terroristas internacionais, o que fará agora? Continuará fingindo que o problema não existe, ou finalmente assumirá a responsabilidade de desmantelar essa rede criminosa?
Sabemos a resposta. A Tríplice Fronteira é uma ferida aberta na soberania do Brasil. Se não houver uma ação séria, coordenada e contundente de todas as partes, a tendência é que essa zona de crime continue a crescer, com consequências imprevisíveis para a segurança regional e internacional. Diante de tudo isso, será que dá pra confiar em quem viu o monstro crescer e não fez nada? Infelizmente, com todo o histórico, é difícil acreditar que o governo brasileiro tome qualquer atitude em relação a tudo isso. Talvez a solução venha de longe.