Sorria, Você Será Fuzilado

Por Daniel Galli

13/09/2024

Cuidado com o que você posta nas suas redes sociais. Seus dias de propagador de “desinformação” estão contados.


Neste momento, nos EUA, a Lockheed Martin está perto de concluir um protótipo de sistema apto a “detectar e derrotar a desinformação”.


Parece algo corriqueiro nos dias de hoje, mas vale chamar a atenção para alguns detalhes que nos farão entender que trata-se de uma aberração distópica.


Pra quem não sabe, a Lockheed Martin é uma das maiores empresas de defesa, segurança e tecnologia do mundo, especializada no desenvolvimento e produção de sistemas de aeronáutica, equipamentos militares, tecnologia de mísseis, satélites e uma variedade de soluções de defesa. Entre seus brinquedinhos mais conhecidos, estão os aviões de combate, como o F-35 Lightning II que, entre outras travessuras, é capaz de lançar uma variedade de armamentos, incluindo mísseis guiados e bombas de precisão, permitindo ataques precisos em alvos terrestres e navais.


Lúdico, não?


A Lockheed Martin também está envolvida em projetos de pesquisa e desenvolvimento relacionados à segurança cibernética, inteligência artificial e outros arrojos tecnológicos.


O protótipo do sistema de “desinformação” que está sendo desenvolvido pela Lockheed Martin foi criado pela DARPA. A DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) é uma agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, responsável por desenvolver tecnologias avançadas para uso militar. Criada em 1958, a DARPA foi estabelecida em resposta ao lançamento do Sputnik pela União Soviética, com o objetivo de garantir a superioridade tecnológica dos americanos.


Bom, mas se essa tecnologia bélica está sendo aplicada no controle da informação, isso significa que os governos estão em guerra contra as tias do zap?


Mais ou menos. Não é que essas forças protetoras da sociedade se importem muito com o que pensa a tia do zap. Mas trata-se de determinar o que ela deve pensar. E se ela não pensar no que deve, é melhor desexistir.


Desexistir soa bem estranho, não? Acabei de inventar. Quer dizer, a língua portuguesa nos permite criar esse tipo de termo adicionando o prefixo DES para criar a ideia de negação, inversão, oposto, a uma ação ou estado. Assim como desligar significa interromper a ligação, desexistir significaria interromper a existência. Eu sei, é uma palavra horrível. Mas desinformação é tão feia quanto e só passou a ser usada no período da história que ficou conhecido como Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética competiam pra ver quem era capaz de explodir a Terra mais vezes. Usando a lógica do prefixo, DESinformação deveria significar interromper a informação, ou não informar, ou ainda remover a informação transmitida, mas o termo se referia a informações falsas ou enganosas que eram disseminadas intencionalmente para confundir ou manipular a opinião pública. Desinformação trata-se de um eufemismo para mentira.


Mas nunca se tratou de buscar a verdade e sim, controlar a narrativa. Afinal, cada lado da trincheira dirá que a desinformação está do outro lado.


Não foi por acaso que o termo desinformação foi introduzido em nosso cotidiano. É só uma velha tática de guerra. Acontece que, a partir do momento em que o seu celular – a maravilha da tecnologia que permitiu matar a saudade da vovó – passou a ser um disparador de informações, você virou um alvo.
Você é o inimigo que eles querem combater.


Eles quem?


Não importa mais, meu chapa. Vivemos numa distopia que mistura Aldous Huxley, Franz Kafka e George Orwell.


Na distopia de Huxley, Admirável Mundo Novo, as pessoas são condicionadas desde o nascimento, por meio de engenharia genética a se comportar de maneira pré-determinada. Vivem numa espécie de transe, sempre dopadas, praticando sexo só por prazer e acreditando piamente que o mundo que as cerca é verdadeiro.


Bom, hoje, não muito diferente disso, as pessoas estão cada vez mais condicionadas, sendo estimuladas ao uso de entorpecentes e à prática do sexo pelo sexo. O aborto, a prostituição, os jogos de azar, tudo isso é amplamente estimulado. Dessa forma, as pessoas não representam perigo aos que desejam o controle do mundo.


Em O Processo, de Kafka, o protagonista Josef K. é processado. Mas ele não consegue saber qual a acusação, nem quem o está processando, nem o porquê. E quando vai tentar se defender, esbarra na burocracia infernal de um sistema que é feito para que a verdade nunca seja alcançada.
Hoje, mesmo não sendo processado oficialmente, você já é acusado, julgado, condenado e, quando tenta se defender, encontra um sistema pronto para te enlouquecer. Você é taxado de propagador de desinformação ou fake news, é exposto e convidado a se retratar sob pena de cancelamento sumário. Tudo porque compartilhou uma notícia classificada como desinformação.


Mas afinal, a notícia era falsa mesmo? Não interessa.


É aqui que entra 1984. A verdade não tem nenhum significado transcendente, não é algo que deva estar conectado com o mundo real. A verdade é determinada por quem está no controle. Tivemos um exemplo recente, durante a pandemia, quando o livre pensamento foi considerado desinformação.


Hoje, temos muitos controladores, com selos oficiais comprovando que são incrivelmente verdadeiros, órgãos impolutos que determinam quais ideias podem circular e quais devem ser apagadas. Tá reconhecendo? Sim, estou falando das agências de Fact Checking, como o Estadão Verifica, por exemplo, que resolveu classificar uma informação divulgada aqui pelo 5º Elemento como Enganosa.


E eles falaram a verdade? Infelizmente, essa é uma pergunta ingênua. A verdade não interessa pro sistema. O Estadão Verifica vê tudo através do olho do Grande Irmão de 1984. Assistam ao vídeo que publicamos em resposta ao jornaleco e vocês entenderão.


Bom, como podemos ver, a verdade não importa mais para as instituições distópicas de hoje. Mas isso não significa que os governos, as grandes corporações, as entidades internacionais, as instituições de todos os tamanhos, as agências de publicidade travestidas de jornais, os consórcios de mídia pelo mundo inteiro, não estejam preocupados com ela. Como a verdade é o que é, ninguém tem a ilusão de mudá-la. O que todos querem é controlar narrativas. Controlar narrativas significa que eles querem determinar o que você deve acreditar. É a inversão total da verdade.


Bom, aqui entra um elemento sombrio. Se a verdade não interessa, mas somente a narrativa, não existe conflito ético para aqueles que defendem o uso de inteligência artificial para determinar o que deverá ser entendido como verdade.


Em A Era dos Robôs, outro programa distópico, mostramos como a fusão entre robótica e Inteligência Artificial está produzindo máquinas de guerra com capacidade para decidir se devem matar ou não.
A fusão de I.A., robótica e indústria bélica com o desejo de controlar a informação poderá levar um monstrengo desses para dentro da sua casa.


Dá pra imaginar um futuro não tão distante com agências de checagem usando tecnologias como a da Lockheed Martin pra garantir o banimento da desinformação, não é mesmo? É a Tecnocracia triunfando.
Mas você não deve desistir da verdade. A Verdade, com letra maiúscula, é a única coisa que, mesmo explodindo o planeta 1 milhão de vezes, ninguém jamais conseguirá destruir. Buscar sempre a verdade, mesmo quando o mundo à sua volta mais se parece com um manicômio, ou um pesadelo, é a única ação que vai te deixar em paz. Uma paz que não é deste mundo. Nós não somos deste mundo. Toda a nossa inquietação aqui se dá justamente porque estamos impossibilitados de encontrar a verdade. Essa inquietação já é um sinal de que a verdade está dentro de nós. Se escolhermos aceitar a mentira dos autoproclamados donos da informação, podemos até mesmo evitar o drone na nossa janela, mas jamais nos livraremos de nossa consciência.


Não existe Crime sem Castigo.

Crie uma conta e deixe o seu comentário:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *