
Publicado em 31 de Outubro de 2025
Me diga se você reconhece essa situação: você acorda antes do sol, encara o transporte público e dedica seu dia a um trabalho honesto. Paga seus boletos, seus impostos, sonha com uma casa própria que parece inalcançável e, ao voltar para casa, planeja o trajeto para evitar a rua onde o último assalto ocorreu. Você carrega dois celulares: o seu e o “celular do bandido”, uma oferenda humilhante na esperança de preservar sua vida. Mas você também carrega um fardo mais pesado todos os dias: a desesperança. A sensação de que seu esforço é inútil e o caos venceu. Você fez tudo certo, mas vive em um país onde o governo parece ter escolhido o lado de quem lucra com o crime.
Essa atmosfera de desamparo não é um dano colateral, é o produto direto da filosofia de poder do governo atual, no poder há 16 dos últimos 22 anos. A segurança do país deteriorou a olho nu nas últimas décadas. A falência da segurança pública não é só a estatística das mortes ou o avanço territorial das facções. É, especialmente, a destruição do seu capital e da confiança no futuro, enquanto a Faria Lima celebra lucros cada vez maiores.
A complacência da esquerda com o crime não é um fenômeno recente, mas um modus operandi histórico. É impossível não lembrar do “diálogo cabuloso” do PT com o crime organizado, revelado por escutas de membros do PCC, onde criminosos lamentam a falta de diálogo com o governo Bolsonaro, ao contrário do que acontecia com o PT. Esse caso expôs a lógica pró-crime por trás de vários atos do governo que pareciam desconexos – como a recusa em classificar as facções como terroristas, a defesa de criminosos por ONGs alinhadas ao governo, o silêncio conivente diante da escalada do poder paralelo, etc..
Este ambiente de insegurança é um veneno potente para a economia real, mas um paraíso de oportunidades para a especulação. O dinheiro do pequeno comerciante que hesita em abrir uma nova loja ou do investidor estrangeiro que analisa o “risco-país”, é incerto. Mas o dinheiro do crime, bilionário e sem pátria, encontra no sistema financeiro um parceiro ideal para lavagem, inundando os bancos com uma liquidez que não gera empregos, apenas mais lucro. O verdadeiro “Custo Brasil” não está só na burocracia, mas no preço da blindagem e no imposto invisível que a violência cobra de cada transação.
E assim se inicia uma espiral perversa na sociedade. A violência desenfreada e a percepção de um Estado omisso criam um ambiente hostil aos negócios. A falta de investimentos resulta em menos empregos e oportunidades. A pobreza e a falta de perspectiva viram campo fértil para o recrutamento das facções. A criminalidade se fortalece, ganha mais recursos e o ciclo de violência reinicia com ainda mais força, gerando mais lucros ilícitos que serão absorvidos e legitimados pelo sistema.
Nossa responsabilidade nisso tudo é inegável. A desesperança não é um fracasso pessoal, mas a consequência lógica de viver sob um poder que gasta bilhões em propaganda para vender ilusão. A dificuldade do país em prosperar não se deve à falta de esforço, mas a um projeto que tolera a desordem não como um “mal menor”, mas como uma condição de negócio lucrativo para a elite do poder. Devemos reagir a essa ideia de país não apenas por segurança, mas pelo direito de ter esperança. Pela recuperação de um país onde o trabalho honesto valha mais que a lei do mais forte. A sua indignação contra o narcoestado brasileiro não é uma opção, é a revolta contra um sistema onde o medo vira lucro para poucos.