Hamilton ou Faria Lima: Quem Entende de Conservadorismo?

Publicado em 23 de Outubro de 2025

Há uma pergunta que o establishment brasileiro se recusa a fazer desde o início do novo governo Trump: por que os Estados Unidos, berço do capitalismo moderno, estão abraçando tarifas protecionistas e a reindustrialização agressiva enquanto nós seguimos pregando o evangelho do livre-comércio? A resposta é devastadora: porque eles querem continuar sendo uma potência, e nós aceitamos ser um mercado.

Os EUA estão reconhecendo uma verdade que nossa elite se recusa a enxergar: nações que não controlam sua produção não controlam seu destino. O “Relatório sobre Manufaturas” de Alexander Hamilton não foi um tratado econômico, foi uma declaração de independência material. Ele sabia que soberania política sem soberania produtiva é mera encenação de país.

De um lado, o caminho trilhado pelas grandes potências mundiais: proteger seus setores estratégicos, investir em capacidade produtiva, subordinar o dinheiro que circula no país ao projeto nacional. Do outro, nosso caminho atual: exportar matéria-prima, importar manufaturados, se endividar para consumir o que não produzimos e chamar isso de “eficiência”.

Há quem associe o desenvolvimentismo à esquerda, uma idéia propagada entre alguns conservadores e liberais como uma mentira conveniente. O Nacionalismo Econômico é profundamente conservador porque conserva aquilo que permite a conservação de tudo o mais: a base material que sustenta famílias, comunidades e valores.

Um pai de família não consegue criar filhos com valores tradicionais trabalhando 14 horas como Uber, sem vislumbrar um futuro onde consiga deixar de apenas sobreviver para poder prosperar. 

A indústria nacional, esta entidade repudiada pelos banqueiros, cria algo que o rentismo jamais produzirá: comunidade. O operário que trabalha na mesma empresa há 20 anos, que vê seus filhos crescerem na mesma cidade, que frequenta a mesma igreja, tem raízes. Tem o que conservar. 

O liberalismo econômico brasileiro é uma fraude porque ignora que o livre-comércio só existe em livros didáticos. Na realidade, todas as potências mundiais protegem suas indústrias com subsídios, tarifas e barreiras não-tarifárias – pregam abertura para os outros enquanto praticam protecionismo para si. Nós exportamos minério bruto e a China nos vende a liga processada com lucro de 1000%; exportamos petróleo e importamos a gasolina. Temos 98% das reservas mundiais de nióbio e não dominamos sequer uma tecnologia que o utilize.

Isso não aconteceu por acaso ou incompetência. Foi uma escolha que enriqueceu analistas, consultores e banqueiros enquanto dizimavam a classe média nacional.

Hamilton não era economista, era um estadista. Ele entendeu que a economia é a continuação da política por outros meios. Que produção industrial não é um “setor do PIB”, mas um fundamento da civilização moderna. Nações sérias não terceirizam sua capacidade de existir. O Brasil precisa escolher entre ser uma nação ou o eterno “celeiro” do globalismo mundial, entre criar uma classe média de produtores ou administrar uma massa de devedores.

O Nacionalismo Econômico não é  populismo requentado, por mais que alguns intelectuais proclamem isso. É a única posição verdadeiramente conservadora porque preserva o que importa: trabalho digno, família estruturada, comunidade coesa, pátria soberana. O resto é retórica vazia de quem escolheu a mediocridade permanente do País para seu próprio lucro.

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