A condenação de Jair Bolsonaro não surpreende. O que realmente intriga é o comportamento de seus “aliados”, que parecem mais interessados em se esquivar do que em defender a figura que os alçou ao poder. A promessa de anistia, que supostamente excluiria Bolsonaro, é um rumor que ganha força na imprensa — e essas histórias não surgem do nada. Alguém está falando.
Enquanto isso, o apoio real ao ex-presidente vem de longe. Donald Trump reagiu prontamente, classificando a decisão como “inaceitável” e uma clara perseguição política. No Brasil, o silêncio de muitos líderes constrange e semeia a desconfiança entre os apoiadores de Bolsonaro.
O distanciamento é ainda mais evidente em eventos simbólicos. No 7 de setembro, na Avenida Paulista, o nome de Eduardo Bolsonaro foi praticamente apagado dos discursos. Ele, que abriu mão de parte de sua vida no Brasil para denunciar a perseguição política nos Estados Unidos, tornou-se um fantasma em seu próprio reduto eleitoral. Michelle Bolsonaro foi a grande exceção, um ato de lealdade em meio à omissão generalizada.
A postura de Valdemar da Costa Neto, presidente do partido do ex-presidente, o PL, é ainda mais intrigante. Suas falas públicas têm alimentado a narrativa dos adversários: sugeriu que o juiz Luiz Fux seria um bom candidato, o que enfraqueceu o único voto favorável a Bolsonaro na condenação; declarou “respeitar” a sentença, dando a entender que não faria esforços para revertê-la; e chegou a mencionar um suposto planejamento de “golpe” que não foi adiante, o que reforça o discurso da esquerda. Aqueles que cresceram à sombra do bolsonarismo parecem, agora, dar as costas a ele.
Essas manobras políticas não param. O jornal O Globo reportou que o Centrão intensificou a pressão para que Bolsonaro aponte um sucessor fora de sua família antes de uma possível prisão em regime fechado. Essa jogada escancara o oportunismo, já que o PL, o Centrão e setores do mercado financeiro, com suas frequentes visitas à Faria Lima, parecem já ter um candidato próprio. A ideia é surfar nos votos bolsonaristas sem carregar o ônus da perseguição política.
As falas ambíguas, a inação e a pressão sobre Bolsonaro reforçam essa percepção. Como diz o ditado, “muito ajuda quem não atrapalha”. A elite política que se diz de direita colabora com o mesmo sistema que tenta eliminar o bolsonarismo.
Além da sanha política evidente, há uma clara falta de humanidade. Bolsonaro foi condenado por um “golpe” sem armas, tanques ou exército — e nem sequer estava no Brasil na época dos eventos. Suas recorrentes idas ao hospital e os problemas de saúde mostram que as sequelas da facada de 2018 ainda o afetam profundamente. Depois de tudo o que ele passou, o mínimo que se esperaria de seus aliados seria respeito, apoio e, acima de tudo, humanidade.
Em vez disso, o que se vê é uma elite política que o usa como trampolim e o abandona quando o jogo aperta, mas quer a grife. O bolsonarismo, no entanto, é maior que eles. É um movimento do povo, não de caciques partidários ou de interesses financeiros. O sistema pode tentar eliminá-lo, mas o bolsonarismo continuará vivo, forte e popular, com ou sem esses “aliados”.