Eles não querem resolver, querem dar um “jeitinho”

Publicado pelo 04 de Setembro de 2025

O velho “jeitinho” está no DNA da elite política. O que se desenrola nos corredores de Brasília é a busca pelo melhor truque de ilusionismo, e não a solução para a grave crise institucional que eles fingiram não enxergar, ou acreditaram que seria apenas uma tempestade passageira. Por meses, o establishment tentou ignorar a necessidade da anistia, como se fosse um uma crise passageira. Agora, diante da impossibilidade de ignorar o clamor por justiça e a crescente pressão, eles, mais uma vez, utilizam o famoso “jeitinho” na tentativa de enganar a todos com uma anistia “fake”, que está sendo plantada no noticiário.

Uma pseudo anistia que não busca a justiça, muito menos a pacificação do país. Pelo contrário, o objetivo da elite política é dar a impressão de que o problema será resolvido, quando, na verdade, só querem escondê-lo sob o tapete – a solução de sempre. 

A carta de Donald Trump, que apontou para uma evidente perseguição política e a violação dos direitos humanos em curso no Brasil, foi clara desde o início, mas eles preferiram fazer de conta que a denúncia não existia, ou que não traria qualquer consequência. Vieram as taxações, as sanções, o prejuízo ao mercado financeiro – parceiro de primeira hora – e as grandes manifestações populares para que eles entendessem que ignorar não é uma possibilidade. Agora resta a tentativa de reinterpretar a situação a seu favor.

Nesse xadrez político, cada movimento é calculado para acumular poder e tentar mexer o mínimo possível em sua estrutura. Nesse sentido, figuras como Tarcísio e outros que se beneficiaram da imagem do “Capitão”, não estão genuinamente preocupados com o destino de Bolsonaro. Para eles, a anistia agora é uma moeda de troca necessária para conquistar capital político. O Centrão aproveita a oportunidade para transformar seu “ungido” em fiador dessa farsa que está sendo gestada se apropriando do tema e o sistema inunda a imprensa para que a tese de que Tarcísio está no front pela anistia ganhe visibilidade, posicionando-o como o “salvador” que trouxe a “solução”. É uma jogada calculada para que ele receba os louros por algo que não repara as injustiças, é apenas um jogo de controle político.

E para isso, vale tudo, inclusive aproveitar a oportunidade e espalhar na imprensa que ele é o escolhido de Bolsonaro para 2026. Com o Capitão preso, proibido de falar e de usar suas redes sociais—que sempre foram seu canal direto com a base de apoio—fica mais fácil plantar a narrativa.

Uma anistia ampla, geral e irrestrita é a única resposta justa para o que está acontecendo. Ela é a condição sine qua non para o país começar a reparar as injustiças e retomar um mínimo de normalidade real. Mas eles tentam transformar um truque em um ato de justiça, tentam dar a aparência de que a questão será resolvida, enquanto, nos bastidores, a perseguição continua e não vai parar. Para o establishment, eliminar Bolsonaro da vida pública é uma obsessão. Para milhões de brasileiros, a reparação da injustiça cometida contra ele é imprescindível para que o Brasil possa ser chamado de democracia. 

Assim como a lei, a anistia para reparar uma injustiça deve ser aplicada de forma igual para todos, sem exceção. Qualquer coisa menos do que isso é apenas uma nova injustiça, mais uma narrativa do sistema que vive do “jeitinho”.

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