
Publicado em 27 de Novembro de 2025
A prisão de Jair Bolsonaro desencadeou mais um movimento político que expõe a verdadeira face de alguns atores que se dizem bolsonaristas, mas, na realidade, estão interessados apenas em conquistar votos para 2026. Nada de novo. A ascensão de Tarcísio de Freitas e seus aliados serve como exemplo claro dessa dinâmica oportunista que hoje domina o cenário.
Enquanto Eduardo Bolsonaro tenta manter a defesa ativa — mesmo diante do cerco judicial e midiático — o governador de São Paulo e seu grupo optam pelo silêncio nos momentos cruciais, como no dia da prisão, para só depois virem com notas calculadas, mencionando conversas com Gilmar Mendes. Não por acaso, Mendes é um dos ministros do Supremo Tribunal Federal que, junto com Alexandre de Moraes, tem mostrado uma sanha particular para manter Bolsonaro preso. A tal “defesa” que alegam fazer é, na verdade, um jogo político para dividir a base bolsonarista e preparar o terreno para 2026.
Além da ausência na hora necessária, sabe-se que Tarcísio passou o fim de semana nas montanhas, em Campos do Jordão. Um verdadeiro aliado abriria mão de uma viagem dessas para se manifestar rápido, mostrar presença e dar sinal claro de apoio ao ex-presidente em um momento delicado.
Outro elemento dessa estratégia é o papel dos chamados “aliados” que adoram dar informações em off para a imprensa – vazar informações seletivamente alimenta a desqualificação interna, cria narrativas para enfraquecer adversários dentro da própria base bolsonarista e mantém o ambiente político instável, sempre favorável aos interesses desses grupos que buscam o controle eleitoral.
Além disso, a agenda do grupo de Tarcísio não parece lutar por uma anistia ampla e libertadora, mas sim negociar medidas paliativas, como a prisão domiciliar, que mantêm Bolsonaro preso, mas com algum conforto estratégico. Isso demonstra que o foco está muito mais na construção de candidatura e de projeto eleitoral próprio do que na efetiva defesa do líder que os elegeu.
Outro ponto importante é a estratégia de desqualificação interna: já vimos isso com Eduardo Bolsonaro, que foi sistematicamente enfraquecido politicamente. Agora o alvo é Flávio. Essa prática tem como objetivo abrir espaço para Tarcísio, desgastando o sobrenome Bolsonaro, para que ele possa crescer como opção da direita sem enfrentamentos diretos. É uma jogada cuidadosa, mas que deixa claro que parte da “base bolsonarista” está longe de ser unida ou leal.
Mais do que nunca, a verdadeira base precisa abrir os olhos para esse cenário. Quem realmente está na luta pela liberdade e pela manutenção do legado de Bolsonaro são poucos. Muitos jogam apenas para garantir votos, usando a imagem do ex-presidente como mercadoria política. Essa divisão só enfraquece o campo que deveria estar unido diante de uma grave e permanente ofensiva contrária.
Os movimentos não são de defesa, mas de oportunismo eleitoral. O tempo mostrará quem realmente esteve ao lado de Bolsonaro e quem apenas quis surfar na crise para ganhos políticos. A base bolsonarista precisa entender que defender o presidente preso requer mais do que discurso — necessita estratégia, unidade e ação concreta, e os que desqualificam a família Bolsonaro estão longe dessa luta.
Em uma verdadeira batalha, a lealdade se mede na prática, não no discurso barato para as redes sociais e movimentos contrários nas sombras.