No Brasil, a aposentadoria, que deveria ser um direito sagrado, tornou-se um campo fértil para fraudes e abusos. O INSS, que já foi sinônimo de proteção social, hoje é palco de um escândalo bilionário. Mais um. Benefícios cortados sem justificativa, revisões arbitrárias e empréstimos consignados que drenam o pouco que resta na conta do contribuinte; cada enxadada no sistema revela uma nova minhoca – e o aposentado é quem sofre.
Estima-se que as fraudes em descontos associativos no INSS estão em R$6,3 bilhões, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União. Entidades como o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), ligado a Frei Chico, irmão de Lula, entre outras associações, foram investigadas por descontos indevidos, muitas vezes com assinaturas falsificadas, cobrando mensalidades de idosos que jamais autorizaram desconto algum. No primeiro semestre de 2024, o INSS registrou 742.389 reclamações, no ano anterior – o primeiro do 3º mandato de Lula – foram 422 mil revisões solicitadas.
Os bancos BMG, Pan, Santander, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Agibank e Inter foram citados em ações judiciais e denúncias por empréstimos fraudulentos, com descontos sem consentimento. O governo, que deveria proteger, é conivente por omissão. A partir de 2023, a CGU alertou sobre irregularidades, mas medidas concretas só vieram em 2025 com a Operação Sem Desconto, que afastou seis servidores, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Na sequência, o ministro Carlos Lupi pediu para sair. A “descoberta” da farra fez algumas cabeças rolarem, o que não muda nada na vida do aposentado que quer seu dinheiro de volta. Não podemos esquecer que o governo e o INSS cortaram benefícios, justificando “combate à fraude” – na verdade, uma espécie de economia para sustentar o próprio governo. O mais pobre sempre sai perdendo. E os bancos seguem descontando parcelas diretamente dos beneficiários, sem fiscalização adequada. Os bancos sempre saem ganhando. A narrativa da “inclusão financeira”, como se fosse bom endividar quem já ganha pouco, encobre a realidade: o aposentado, que contribuiu por décadas, é tratado como estorvo pelo INSS e como ativo financeiro pelos bancos. Ele sempre vai perder.
A solução seria a transparência nos contratos, a punição severa às entidades e bancos fraudulentos, e um INSS que priorizasse a dignidade. Certamente, com a cadeia que está no comando, não existe perspectiva a curto prazo. Até lá, o aposentado brasileiro seguirá refém de um sistema que, em vez de protegê-lo, saqueia.