Brasil x EUA: negação e manipulação não resolvem nada

Publicado em 27 de Outubro de 2025

Na reunião entre Lula e Trump, assistimos mais um capítulo da negação do governo brasileiro e suas vozes alugadas na imprensa. O governo brasileiro tem insistido em reduzir a crise com os Estados Unidos a uma simples questão comercial, ignorando os sinais claros enviados pela Casa Branca.

Desde o princípio o enredo é o mesmo. Em julho, Donald Trump enviou uma carta oficial abordando diretamente os motivos que levaram às tarifas impostas aos produtos brasileiros. Porém, esse foi apenas o primeiro sinal de um processo mais complexo. Depois vieram os cancelamentos de vistos e sanções aplicadas às autoridades brasileiras, medidas claramente políticas em retaliação à perseguição judicial contra opositores e à censura crescente no país.

Esses passos foram acompanhados por declarações oficiais contundentes. A porta-voz da Casa Branca deixou claro que o motivo das sanções e restrições não se limita a disputas comerciais, mas visa pressionar o Brasil a corrigir falhas institucionais que atentam contra a democracia e o devido processo legal. O representante do comércio americano e o secretário do Tesouro reforçaram o coro, fazendo questão de destacar que as ações respondem às práticas autoritárias e à erosão dos direitos civis no Brasil.

A presença do senador Marco Rubio como principal negociador por parte dos EUA reforça a seriedade da questão política. Rubio é conhecido por atuar com rigor contra violações democráticas, o que deixa explícito que os Estados Unidos não pretendem relevar os problemas políticos que motivam as sanções.

Ainda assim, o Planalto e sua base aliada na mídia seguiram manipulando os fatos de forma descarada. Os sinais foram dados e a imprensa fez coro à negação do governo. Talvez o grande exemplo tenha sido a distorção da frase “It’s not your business” dita por Trump a uma jornalista durante o encontro em Kuala Lumpur. Enquanto Trump negava que o assunto fosse da conta da repórter, parte da imprensa adulterou o sentido, transformando o “your” (sua) em “our” (nossa), e assim criaram a narrativa falsa de que os EUA estariam desinteressados na perseguição ao maior líder político da direita, Jair Bolsonaro, sua família e seus apoiadores. Essa manipulação não é inocente; serve para tentar desacreditar a crítica legítima e manter o povo brasileiro desinformado sobre a gravidade do conflito.

Negar o que está evidente — que a crise é política e ligada a perseguição judicial e censura — é um grave erro que compromete cada vez mais a posição internacional do Brasil. Não reconhecer a sequência clara de sinais da carta de Trump, das declarações da Casa Branca, das sanções e à intervenção firme via Marco Rubio é se esconder atrás de versões artificiais que prejudicam o país.

Essa manipulação é uma estratégia para encobrir a falha institucional e evitar o debate necessário sobre democracia e justiça. O Brasil só poderá recuperar sua credibilidade e garantir seus direitos civis quando o governo aceitar a realidade, deixar de lado a distorção que até hoje tenta esconder uma crise grave com discursos superficiais e enganosos.

Em qualquer situação, a negação só empurra o problema com a barriga e aumenta suas consequências.

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