BRASIL S.A.: O JOGO DA FARIA LIMA

Notícia recente da Veja relatando que a Faria Lima já “acena” com a saída de Lula em 2026, é mais do que um indicativo, é a prova viva de que o centro financeiro do país não é um mero espectador da política — é um jogador ativo, um estrategista. Essa turma não concorre em eleições, não bate perna em comício nem se expõe a debate. Mas age com a certeza de quem já sabe quem sobe e quem desce, quem vai e quem fica. O voto é um detalhe; o poder real reside em outro lugar.

As patotas da Faria Lima, transformaram o Brasil em um grande gráfico, um ativo à espera da melhor oportunidade de compra. Para eles, o país só “vale a pena” quando é facilmente adquirido, quando suas empresas, seus recursos e seu futuro podem ser negociados a preços de “barbada”. Nesse tabuleiro, o povo é mero número em estatísticas de consumo ou desemprego, a política se torna um mero item de “risco” a ser precificado, e qualquer desvio, por mínimo que seja, da cartilha ditada pelos financistas, vira motivo para um alarme estridente no “mercado”. As reações são imediatas, as previsões, sombrias, e as cotações, um termômetro que mede o nível de submissão do governo à sua agenda.

“O ‘mercado’ que agora acena para o governo que virá, seja lá qual for, é o mesmo que hoje é paparicado, protegido e beneficiado pelo governo Lula”, recebendo atenção e vendo suas pautas serem consideradas. Com juros altos, crédito caro, empréstimos consignados, o cenário todo foi construído para ser favorável a seus interesses. E a maior prova disso são os lucros astronômicos dos bancos. Mas para o capital não existe lealdade. Uma vez que a fonte da rentabilidade fácil ameaça secar, ou que as oportunidades de extração diminuem, a troca de cenário é vista como inevitável. Pouco importa se a economia vai mal, se a inflação corrói o salário ou se o emprego some; para essa turma, cada crise é apenas um prelúdio para uma nova onda de “barbadas”. A desgraça de muitos é, para alguns, apenas um item na planilha.

O mais intrigante é a cegueira seletiva que se manifesta em alguns setores da sociedade. Enquanto a turma da Faria Lima orquestra movimentos sutis e poderosos que moldam o destino de milhões, há quem bata continência para ela, temendo fantasmas antidemocráticos por parte de quem protesta nas ruas, ignorando o perigo real de quem lucra quieto nos bastidores. Quem manda mesmo não pede voto, não faz campanha. Quem manda simplesmente influencia o sistema por dentro, movendo peças no tabuleiro com a frieza de um computador, enquanto a mídia ecoa seus anseios como se fosse a voz da razão econômica.

A pergunta é: se a turma Faria Lima já não é mais “pró-Lula”, quem será que ela quer no comando em 2026? A resposta não está em programas de governo detalhados ou em propostas sociais ambiciosas. Está na lista de políticos que mais frequentam seus escritórios, que prometem “desburocratizar”, “privatizar” e “liberalizar” a economia, sempre com o foco na facilitação dos negócios para os grandes, bem longe da vida do cidadão comum.

Não é por um país mais seguro e próspero, nem sobre enfrentar as dificuldades que o povo encara no dia-a-dia, o candidato ideal para a Faria Lima é aquele que melhor serve aos seus gráficos, garantindo que o Brasil continue sendo um país fácil de ser comprado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *