A Vida de Plástico: Estão nos empurrando para longe da condição humana?

Vivemos uma era em que a fantasia não apenas suplanta a realidade — ela a substitui com orgulho. E com aval da mídia, da indústria cultural e de influenciadores digitais. Basta olhar para o fenômeno dos bonecos hiper-realistas: os famosos bebês reborn, namorados e namoradas de silicone, vendidos como solução emocional e até sexual. Ganhará espaço até em novelas da Globo, vendida como “empreendedorismo”. Uma substituição do real pelo artificial.

Pode parecer apenas mais uma excentricidade dos tempos modernos. Mas, por trás dessa estética “inofensiva”, há um projeto: desumanizar o ser humano, aliená-lo da experiência real da vida, dissolver vínculos e, por fim, controlá-lo.

A humanidade sempre buscou formas de lidar com a solidão e a carência, mas nunca fizeram isto de forma tão artificial. O que antes era superado com boas relações humanas, vínculos e espiritualidade, hoje é terceirizado para bonecos. A febre dos bebês reborn tomou conta das redes. Influenciadoras vendem kits completos, e mulheres — muitas ainda jovens — chamam pedaços de borracha de “filhos”, vivendo uma maternidade simulada em tempo integral. O ponto mais simbólico veio agora da televisão aberta. A novela da Globo incluiu um arco narrativo em que um casal gay enriquece vendendo bonecos reborn. A narrativa não critica. Ao contrário, enaltece o casal como exemplo de superação e inovação. É o golpe final na normalização quando a ficção, em horário nobre, passa a ensinar que investir afeto, dinheiro e tempo em algo que simula a vida, mas jamais será vida, é algo nobre, desejável — e até digno de aplausos, mesmo que a intenção, no caso, seja ironizar. Até mesmo o humor pode ser considerado um vetor dessa normalização. Essa estética da simulação não é apenas moda. É doutrinação emocional.

A substituição do real pelo artificial não é um fenômeno espontâneo. Estão tentando a todo custo projetar e financiar essa mudança por uma elite tecnocrática que dita os rumos do imaginário social. Não é teoria da conspiração — é documento. O Fórum Econômico Mundial já afirmou, com todas as letras: “No futuro, você não terá nada e será feliz.” Mas para que essa felicidade vazia funcione, é preciso quebrar tudo aquilo que ainda nos conecta ao que é humano: família, fé, vínculos, identidade, propósito. Por isso, oferecem um boneco no lugar de um filho. Uma IA no lugar de um cônjuge. Um jogo de azar como o Tigrinho no lugar de uma profissão.

Quando alguém encontra prazer genuíno em cuidar de um boneco, dormir com um simulacro de namorado, ou passar horas buscando dopamina no Tigrinho, o desejo por construir uma vida real morre. Por que assumir a dor e o sacrifício de ter filhos, se um boneco não chora? Por que enfrentar as dificuldades de um relacionamento real, se o namorado de silicone não discorda? Por que se submeter ao esforço de um trabalho, se uma aposta promete lucro imediato? Essa é a chave da desumanização, trocar o que exige esforço e gera sentido por um simulacro instantâneo e vazio de consequências.

A cada dia, o ser humano se isola mais e nem percebe. As telas substituem o toque. Os likes substituem os vínculos. O silicone substitui o amor. E por trás disso tudo está uma engenharia social que quer evitar que você se desenvolva de verdade. O vício em simulações, jogos, bonecos, redes e conteúdos programados te impede de amadurecer, de criar raízes, de se revoltar. O que vemos é o surgimento de uma nova prisão: a prisão do prazer fabricado. Você não é livre — apenas está dopado o suficiente para não perceber a gaiola.

A vida de plástico pode ser confortável. Mas nunca será plena. Estão tentando a todo custo trocar nossa essência por conveniência, chamando isto de evolução. A propaganda na novela da Globo é só mais um capítulo da doutrinação cultural que transforma alienação em estilo de vida. E enquanto você brinca de maternidade com bonecos ou busca afeto em corpos de silicone, perde o que há de mais precioso: a capacidade de desejar a verdade, de buscar o real e de construir algo com propósito.

A humanidade está sendo reprogramada para não mais desejar ser humana. Se há algo a ser resgatado, é o desejo de viver plenamente, com dor, esforço, vínculo e verdade.

Estão tentando nos afastar da nossa essência.

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