A negação que mantém o país refém

Publicado em 19 de Novembro de 2025

Desde que Donald Trump enviou sua carta oficial em julho de 2025, anunciando o “tarifaço” de 50%, com sobretaxa punitiva de 40% sobre produtos estratégicos brasileiros, o Brasil enfrentou uma crise que vai muito além do comércio internacional. Essa sobretaxa é sintoma de um colapso político e institucional, agravado por perseguições judiciais, censura e ataques sistemáticos à liberdade, uma situação que o governo Lula e a imprensa alinhada insistem em esconder ou minimizar numa espiral de silêncio e negação. Em meio a tudo isso, comemoram uma redução simbólica da tarifa de 10%, um alívio cosmético aplicado globalmente a mais de 200 países — nada exclusivo, nem sequer efetivo para o Brasil.

Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, deixou claro que os Estados Unidos não podem premiar quem destrói valores democráticos como a liberdade de expressão. Marco Rubio, secretário de Estado, reforçou que essas tarifas são resposta política, uma advertência dos EUA à continuidade de políticas autoritárias. Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, destacou que a sobretaxa de 40% é uma resposta específica às políticas repressivas brasileiras.

Enquanto o Brasil enfrenta intensas barreiras comerciais que prejudicam seus exportadores, especialmente setores estratégicos como agricultura e indústria, a Faria Lima permanece silenciosa e inerte, sem pressionar o governo em defesa da economia real. A diplomacia brasileira, atolada em reuniões vazias e discursos sem consequência, não obteve progresso concreto junto aos EUA. E, olhando por esse ângulo, fica evidente que esse silêncio e essa inação reforçam a certeza de que a crise institucional é a verdadeira raiz de todos os problemas. E que a anistia aos presos e condenados do 8 de janeiro é a única solução.

Tentando dar um verniz de solução, surgiu a polêmica proposta da “dosimetria” — uma redução das penas dos condenados pelos eventos do 8 de janeiro, que incluía figuras controversas da política nacional como Aécio Neves, Michel Temer e Paulinho da Força. Essas “múmias” da velha política tentaram empurrar a ideia de que uma dose de jeitinho resolveria o problema. Não passou de mais uma tentativa de varrer o problema para debaixo do tapete, evitando o enfrentamento real dos conflitos. A dosimetria foi claramente uma manobra para substituir a anistia ampla, geral e irrestrita.

O governo insiste em maquiar a realidade com discursos que desviam o foco da verdadeira crise. Essa ilusão mantém o povo numa prisão invisível criada por falsas esperanças e retrocessos. Mais que conspirar contra a verdade, essa atitude revela a face da elite política e financeira: acomodada e conivente, porque no jogo da crise e da manutenção do poder ela extrai seus lucros e privilégios.

Cada dia que passa deixa mais evidente porque não há vontade política de enfrentar a crise institucional que sustenta o “tarifaço”. Prefere-se a hipocrisia do silêncio e da propaganda do que a coragem da transparência e da ação verdadeira.

A negação persistente torna o Brasil refém de interesses que sabotam o presente e comprometem o futuro de mais de 230 milhões de pessoas. A elite política e financeira do país prefere mascarar a realidade deixando claro que não se mexe porque é parte do problema.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *