
Publicado em 18 de Novembro de 2025
Um dos maiores problemas da República brasileira é, indiscutivelmente, a perda da soberania do Estado brasileiro para as facções criminosas. Estas já exercem influência sobre as instituições nacionais silenciosamente — o que é muito mais grave do que a influência pública dos acordos entre facções e poder público, em nome da manutenção da ordem social —, fazendo do Estado brasileiro ora cúmplice do narcotráfico, por terem interesses em comum, ora chantageado, agindo sob coação.
Nenhuma voz da grande mídia teve a capacidade de associar a postura diplomática brasileira diante da crise da Venezuela à infiltração institucional que o narcotráfico produziu nas últimas décadas.
Não parece coerente que a liderança democrática do Sul Global faça todo o possível para que nada seja feito contra um narcoestado que é sustentado por cartéis e milícias.
A naturalidade com que as vozes do debate público brasileiro tratam criminosos e os métodos absurdos de combate ao crime que a esquerda progressista promove deixam claro que é preciso uma mudança de paradigma no debate público nacional.
A operação contra o narcoterrorismo foi tolerada pela mídia e pelas instituições porque o custo político diante da população seria enorme, e a operação tornou-se pauta no debate público popular e oficial no Brasil.
Porém, essa bem-sucedida operação não garante uma mudança no quadro geral da segurança pública nacional, pois não existem fundamentos para uma mudança na política de combate ao crime organizado.
O crime organizado não foi derrotado no debate público, na mídia, nas instituições políticas e no Judiciário.
Momentaneamente, a materialidade da aprovação da operação pela população forçou o estamento a adotar uma postura tolerante para com o combate ao crime.
Mas essa tolerância não será mantida e sequer escalará para uma guerra efetiva contra o crime organizado sem uma atuação política metódica.
A direita brasileira promove a autocastração com conflitos por espaços na máquina pública, popularidade e prestígio diante do eleitor, quando o momento demanda ação coordenada contra a criminalidade.
É necessário um debate mais qualificado, substancial e claro a respeito da perda da soberania do Estado. É preciso resgatar a memória histórica a respeito do nascimento e ascensão das facções criminosas e do PT.
Hoje não existem leis que tipificam e sancionam o atual estágio de aparelhamento, domínio territorial e pilhagem de empreendedores.
Se o mesmo esforço para desgastar Bolsonaro e se posicionar como herdeiro do espólio do bolsonarismo fosse empregado no combate às facções criminosas, nessa janela de oportunidade, avanços substanciais contra o crime organizado poderiam ser feitos.
É visível que, na mídia tradicional, os faccionados foram veementemente defendidos, que a grande maioria dos intelectuais públicos categoriza como absurda a operação e que todo o discurso permitido no debate público nacional fomenta um combate indireto através da educação e de oportunidades de trabalho, tratando qualquer tentativa de enquadrar essa guerra dentro de suas proporções como genocídio contra pobres desafortunados.
Sem ação coordenada da oposição, os narcoterroristas continuarão avançando sobre as instituições e sobre o Brasil. Será que o interesse em herdar o espólio de Bolsonaro é maior do que o ímpeto de reconstruir o Brasil?