A Gu3rr@ Invisível pelo Controle da Opinião Pública Global

Publicado em 10 de Agosto de 2025.

Mais do que dividido fronteiras, blocos econômicos ou alianças militares, o mundo está marcado por uma disputa central na geopolítica contemporânea: o controle do imaginário coletivo. É uma guerra silenciosa, mas tão decisiva quanto qualquer conflito armado. Estados Unidos, China e potências regionais competem para moldar não só as narrativas, mas também as emoções, percepções e reações de sociedades inteiras. Quem vencer essa guerra simbólica definirá os rumos políticos, econômicos e culturais das próximas décadas.

No centro dessa batalha está a compreensão de que a política externa só se sustenta quando ancorada em prestígio moral e legitimidade cultural. George Kennan, ainda na Guerra Fria, advertia que a vitória dependia da capacidade de um povo transmitir vitalidade espiritual, responsabilidade e confiança aos demais. Essa visão foi retomada pelo movimento MAGA nos Estados Unidos e pela nova direita europeia, que buscam recolocar valores, identidade e soberania como pilares da influência global. Não se trata apenas de disputar mercados ou alianças, mas de oferecer um modelo civilizacional capaz de inspirar.

A resposta dos adversários é sofisticada. A China, por exemplo, transformou a internet em um laboratório de engenharia emocional. Não basta censurar: é preciso administrar dissidências, criar debates controlados e transformar queixas pontuais em reforço da autoridade do Estado. É a tática da “negação plausível” aplicada ao campo digital. Pequim permite explosões de insatisfação desde que roteirizadas para legitimar o Partido Comunista e esvaziar qualquer mobilização estrutural contra ele. Assim, a própria contestação se transforma em matéria-prima para reafirmar o poder central.

Esse método começa a aparecer em outras partes do mundo. No Brasil, mecanismos de controle narrativo combinam seletividade judicial, manipulação de redes sociais e criação de “oposições inofensivas” para manter a sensação de pluralidade. O objetivo não é apenas blindar governos, mas impedir que qualquer projeto político autêntico se converta em força transformadora. O controle da percepção se tornou tão estratégico quanto o controle de território, porque define quais ideias podem se tornar maioria e quais serão neutralizadas antes mesmo de amadurecer.

O ambiente midiático ocidental, por sua vez, não fica atrás. Ao invés de responder com argumentos sólidos e projetos consistentes, grande parte da imprensa e do sistema político prefere ridicularizar adversários, enquadrando-os como caricaturas. A lógica é clara: se o público associa um movimento a atraso ou irracionalidade, sua proposta perde legitimidade antes mesmo de ser debatida. É um método de supressão indireta, mais palatável à sociedade, mas igualmente corrosivo para o debate democrático.

O ponto cego dessa guerra invisível é que ela se torna autorreferente: cada campo se dedica mais a desmoralizar o oponente do que a construir alternativas concretas. Isso corrói a confiança das populações em todas as instituições, fragilizando democracias e criando espaço para modelos autoritários apresentarem-se como mais “eficazes”. A vitória, nesse cenário, não será de quem tiver mais armas ou mais capital, mas de quem conseguir oferecer um horizonte de estabilidade e pertencimento que fale diretamente ao desejo de segurança e ordem da população.
Para saber mais sobre esse tema clique no link do episódio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *