
Os empréstimos consignados, apresentados como salvação para aposentados, são, na verdade, correntes que os mantêm presos ao endividamento. Em 2023, R$90 bilhões foram movimentados em consignados, muitos sem autorização, segundo a Polícia Federal. Bancos como BMG, Pan, Santander, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Agibank e Inter lideram a farra, descontando parcelas de idosos que nunca consentiram o empréstimo.
Essa história, porém, não é nova. Sua raiz está no primeiro mandato de Lula (2003-2006), quando o Banco BMG protagonizou um dos primeiros escândalos de consignados no Brasil. Em 2004, Lula assinou o Decreto 5.180, que abriu o mercado de consignados a bancos privados, antes restrito à Caixa Econômica Federal. Apenas 13 dias depois, o BMG, então um banco modesto, assinou convênio com o INSS e operou com exclusividade por quase dois meses, lucrando milhões. A rapidez levantou suspeitas.
O Tribunal de Contas da União e a Polícia Federal investigaram, e a CPI dos Correios, em 2005, revelou que o BMG concedeu empréstimos ao PT e a Marcos Valério, operador do mensalão, sem garantias sólidas. O Ministério Público apontou que o banco foi “flagrantemente beneficiado”, garantindo “lucros bilionários”. Quatro diretores do BMG foram denunciados por gestão fraudulenta, mas Lula nunca foi formalmente implicado. Afinal, ele não sabia de nada, ou foi traído. Lula sendo Lula. E o sistema sendo o sistema.
Hoje, a história se repete. A Operação Sem Desconto revelou milhões em pagamentos a empresas fraudulentas ligadas ao BMG. Mais um caminho livre aberto para a exploração da população. A falta de fiscalização permite que bancos – não só o BMG – imponham empréstimos a idosos, muitos analfabetos. Com Lula no governo, o caminho voltou a ficar livre para tomar dinheiro do cidadão. O discurso de “inclusão financeira” encobre a realidade: aposentados endividados, bancos bilionários e um sistema que favorece a Faria Lima.
A relação de Lula com os bancos é sistêmica. A farra dos consignados não é um acidente, mas uma dança ensaiada entre os bancos e o poder. Para quebrar esse ciclo, é preciso transparência, punição rigorosa e um governo que priorize o aposentado. Até lá, a música toca com um novos arranjos, enquanto o aposentado dança e paga a conta.