A Declaração da Casa Branca e o Complexo Industrial da Censura

Publicado em 10 de Setembro de 2025

A declaração da porta-voz da Casa Branca sobre a possibilidade de uso de força econômica e até militar em defesa da liberdade de expressão causou surpresa em muita gente. Para alguns, soou até desproporcional. Mas o contexto ajuda a entender por que o governo americano levou o tema a esse nível de gravidade: o debate não se limita a redes sociais, envolve uma estrutura organizada de poder que atua para controlar o que pode ou não ser dito no espaço público digital.

Os chamados *Twitter Files* revelaram nos Estados Unidos a existência de uma articulação ampla entre agências governamentais, empresas de tecnologia, veículos de imprensa, instituições acadêmicas e grupos da sociedade civil. Esse conjunto, que opera como um sistema de vigilância ideológica, se mobilizou para remover conteúdos, silenciar vozes críticas e criminalizar opiniões divergentes. A justificativa recorrente foi o combate ao discurso de ódio ou à desinformação, mas os documentos mostraram que, na prática, o alvo eram posições políticas fora da linha considerada aceitável pelo establishment.

A França expôs uma realidade semelhante. Os arquivos franceses do Twitter mostram que, por trás das decisões judiciais apresentadas como medidas pontuais contra o “discurso de ódio”, havia um esforço coordenado. O envolvimento do governo Macron, de ONGs alinhadas politicamente e do próprio judiciário criou um mecanismo de pressão sobre as plataformas digitais. O resultado foi um regime de censura que extrapolou o que a legislação francesa exigia formalmente, consolidando um modelo de controle de narrativas em escala nacional.

Esse padrão se repete em diferentes países, inclusive no Brasil. Aqui, também se observou o patrocínio de ONGs e a atuação direta do Judiciário em casos que resultaram na remoção de conteúdos e no silenciamento de opositores. O objetivo era manter a hegemonia de determinadas correntes políticas e culturais, sustentadas pelo discurso de que estariam defendendo a democracia. Na prática, cria-se um ambiente em que divergências reais são abafadas e a pluralidade de opiniões passa a ser tratada como ameaça.

Esse conjunto de práticas ganhou o nome de “complexo industrial da censura”. O termo traduz a ideia de que já não se fala de iniciativas isoladas, mas de um arranjo estável e permanente, com base material, financiamento e amparo institucional. Governos, empresas de tecnologia, ONGs e parte do sistema judicial se integram em uma rede de cooperação que estabelece os limites do debate público e vigia o fluxo de informações com critérios políticos, não técnicos. É um projeto pensado para consolidar uma narrativa única, moldando percepções e assegurando estabilidade às mesmas elites.

Ao mencionar a liberdade de expressão como tema de segurança nacional, a Casa Branca reage a esse processo. O alerta não é apenas retórico e indica que o espaço digital já foi transformado em campo estratégico, onde disputas de poder, soberania e sobrevivência política se misturam. Nesse sentido, a fala não soa como exagero, mas como reconhecimento de que a batalha pelo controle das redes se tornou uma questão central para os regimes democráticos.

Confira: “Tarifas foram usadas contra o Brasil por ‘obstrução à liberdade de expressão’, diz Casa Branca”. 

Confira: “EUA: Trump não tem medo de usar poder econômico e militar para proteger liberdade de expressão”.

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