
Publicado em 11 de Novembro de 2025
Que o Brasil vive uma crise não é novidade para ninguém. E a crise não é só mais uma fase ruim na política ou na economia. O que estamos vivendo é o desaparecimento da própria ideia de autoridade como pilar para organizar a vida em sociedade.
O que aconteceu no país foi um movimento pendular onde, depois de décadas de um poder centralizador que abafava qualquer debate, não evoluímos para uma democracia forte e equilibrada; ao invés disso mergulhamos de cabeça no extremo oposto: a cultura da “anti-autoridade”, da paralisia de decisão. O que redundou no pior de dois mundos: uma falsa liberdade convivendo com a tirania do caos. E isto é consequência de um projeto que, com a desculpa de “democratizar”, foi desmontando sistematicamente as bases das autoridades legítimas do país. Instituições que sempre agiram como cola social – a família, a escola, a polícia, a justiça – foram esvaziadas. No lugar delas, ficou uma máquina burocrática gigante e inútil, onde a responsabilidade se dilui até ninguém ser culpado de nada.
A desordem virou, ela mesma, o sistema. O Brasil, ao viver sem um rumo que nos una, vê sua sociedade virar um amontoado de gente desconectada, cada um lutando apenas para sobreviver ao dia de amanhã. No fim das contas, a percepção do cidadão comum é a de abandono total. Ele não sabe a quem recorrer, não vê responsáveis, não enxerga uma luz no fim do túnel. A classe média empobrece vendo os mesmos políticos de sempre jogando seu jogo de cadeiras, enquanto os mais pobres são jogados no desespero, sem dinheiro e, pior, sem a esperança de que a ordem e a justiça possam um dia voltar.
O Brasil vive uma espécie de convulsão. Cada parte do corpo social se debate para um lado, de forma violenta e sem sentido. Não existe um projeto de futuro compartilhado; só existe a batalha desesperada para não afundar no presente.
Toda essa fragmentação foi incentivada por uma hegemonia de ideias que domina por décadas as universidades, a grande mídia e o próprio Estado – vendem um discurso de que toda autoridade é opressora, toda hierarquia é errada e a política é só um campo de batalha eterno entre grupos.
O resultado é uma sociedade movida à desconfiança e falta de cooperação. O que se estimula é o nosso pior: a ganância sem freios, a corrupção normalizada, o levar vantagem como ideal de vida. Não criamos uma sociedade funcional, e sim um grande amontoado de pessoas cuja regra é o “salve-se quem puder”.
Notar tudo isso de forma clara não é pessimismo. É realismo. A crise não será resolvida com pequenos ajustes ou trocando um ministro por outro. O que o Brasil precisa é de uma reconstrução, um projeto de país que restabeleça autoridade e ordem como a base indispensável para qualquer crescimento real.
Isto significa resgatar a autoridade legítima – aquela que não vem só da força, mas da competência, do mérito e da responsabilidade. Significa ter instituições que funcionem de verdade, onde as leis saiam do papel. E, acima de tudo, significa dizer um “basta” a essa cultura do “tanto faz” que destrói valores. Somente uma ideia forte, uma causa capaz de nos unir em torno de um objetivo comum, poderá nos tirar deste mar de mediocridade. Precisamos voltar a construir uma civilização onde ordem e justiça social não sejam inimigas, mas duas faces de um país que quer se reencontrar.