A harmonia de interesses na exploração de energia e qualificação dos postos de trabalho

O Brasil sofre há décadas com a queda de índices essenciais para o desenvolvimento humano e a geração de riqueza: a renda per capita e o poder de compra.

Isto ocorre por haver um ambiente inóspito para a produção — altos custos de energia, carga tributária elevada e agências reguladoras com poderes burocráticos exacerbados. Um Estado burocrático, com gastos elevados desvinculados do desenvolvimento econômico e da proteção dos setores produtivos, além da constante desvalorização do Real pela inflação.

Como reverter tal circunstância? Um choque de estímulos estatais poderia colapsar a moeda brasileira? Seria o caso de abrir o país a investimentos diretos e à venda de ativos estratégicos para gerar superávit, conter a desvalorização e preservar a confiança no real? 

Nenhuma dessas saídas, porém, enfrenta as causas reais dos problemas do país, pois gráficos, contratos e planilhas não são a totalidade da economia, mas apenas uma parte abstrata, operável e quantificável. A economia é parte da realidade concreta e, por definição, precisa mobilizar recursos complexos e difíceis de quantificar. Mais difícil ainda é resolver problemas da economia real, como a falta de mão de obra qualificada e os altos custos para manter a infraestrutura de negócios.

O Norte do Brasil sente na pele esse tipo de dificuldade: cidades e fábricas dependem de diesel caro e a rede elétrica falha, o que cria um ambiente inóspito para a produção, desde os números quantificáveis até a infraestrutura concreta. 

A exploração responsável da Margem Equatorial — faixa do litoral norte onde há petróleo e gás — pode quebrar esse ciclo. Não como aventura de um ciclo eleitoral, mas como política de desenvolvimento que coloca empresários, trabalhadores e governos harmoniosamente do mesmo lado: baratear a energia para impulsionar a produtividade.

Os recursos naturais podem ser explorados para fins de exportação, aumento do caixa estatal e fluxo do PIB. Mas o que realmente transforma a vida econômica de um país é convertê-los em obras e serviços que reduzam custos para todos: usando o gás que sai junto com o petróleo para fornecer energia estável e segura; construindo dutos que levem esse gás dos poços até áreas industriais; e instalando sistemas que geram energia perto do poço e a enviam pela rede. Some-se a isso linhas de transmissão reforçadas e contratos de longo prazo que deem previsibilidade de preço. Com conta de luz mais estável e barata, a indústria volta a investir — vidro, cerâmica, cimento, fertilizantes, petroquímica leve — e cria-se uma corrente de empregos: estaleiros, metalmecânica, manutenção de plataformas “offshore”, transporte e serviços técnicos. O custo cai, a margem melhora, o salário sobe e a arrecadação estatal aumenta.

Um projeto de longo prazo para a exploração das fontes de energia tradicionais do Brasil pode alinhar os interesses de empresários, políticos e reguladores e beneficiar os cidadãos — que terão sua condição de vida radicalmente alterada diante da disponibilidade de postos de trabalho mais qualificados. Além da oferta de postos de trabalho, todo microecossistema do município que explora energia ou recebe indústrias ganha uma injeção de capital com a chegada de empresas e funcionários, gerando renda para consumir naquele ecossistema. Com planejamento regulatório e atração do empresariado por meio de um ambiente receptivo à produção, os interesses podem se alinhar para gerar lucro, aumentar a renda da população e desenvolver um setor estratégico e produtivo para a nação brasileira.

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