O Brasil do futuro que não chega: a urgência de um presente real

Publicado em 11 de Setembro de 2025

O Brasil se aprisionou em um ciclo de estagnação, preso na promessa vazia de ser o “país do futuro”. Na realidade, vivemos um presente que se repete, onde projetos de longo prazo são abandonados em favor de ações de marketing e “factoides” que desviam a atenção dos problemas reais, consumindo nossa energia em debates superficiais.

Nesse jogo de conveniências, o debate vira refém de uma grande mídia que, dependendo do alinhamento, pode ser uma aliada benevolente ou uma máquina de perseguição. A política é apenas um espetáculo que não contribui para o avanço do país.

Enquanto o Brasil se debate em discussões rasas, uma engrenagem opera de forma quase autônoma: o mercado financeiro. Independentemente do governo, da crise ou do factóide da vez, quem se beneficia é a especulação. Os bancos, em particular, emergem de cada crise sem arranhões, lucrando com as incertezas e a necessidade de financiamento do Estado. É um ciclo que se autofinancia, garantindo lucros para poucos, enquanto a economia real e a sociedade como um todo ficam estagnadas.

Exemplos recentes ilustram essa dinâmica. O BTG, por exemplo, supostamente beneficiado por uma decisão do Banco Central que lhe garantiu 11 bilhões de reais, evidencia como o setor financeiro se move com agilidade e influência. Da mesma forma, o BMG, envolvido no escândalo do mensalão no passado recente, volta ao noticiário no caso dos descontos indevidos de aposentados. São episódios que mostram que bancos conseguem sair ilesos e até lucrar em meio aos escândalos, enquanto o povo, em especial os mais vulneráveis, é quem paga a conta, arcando com o empobrecimento e a precarização.

Esse cenário é fruto da política que deixou de ser vista como uma atividade nobre para se tornar um mercado obscuro de interesses. Ocupar um cargo público deveria ser a chance de servir à população, de construir um legado, mas se transformou em uma corrida por privilégios e poder. As lideranças, em vez de serem arquitetos do futuro, agem como comerciantes do presente, negociando apoios e favores em detrimento do bem-estar coletivo.

E quem sustenta o atraso e paga a conta dessa paralisia é sempre o povo. Enquanto as elites se acomodam e o capital financeiro prospera, a população arca com a ineficiência dos serviços, a falta de oportunidades e a insegurança. A política, que deveria ser a ferramenta de transformação para um futuro melhor, tornou-se o principal obstáculo para o avanço.

O Brasil precisa, antes de tudo, ser o país do presente, com uma mudança de mentalidade. É preciso que a política retome sua dignidade, que as lideranças assumam sua responsabilidade e se dediquem a um projeto de Estado, e não de governo.

Um verdadeiro projeto de país deve ir além do discurso. Envolve a reindustrialização da economia, com base em inovação e tecnologia. É preciso proteger as fronteiras e os mercados, garantindo que as riquezas do nosso solo se revertam em benefícios para o país, respeitar quem produz, do pequeno agricultor ao grande empresário, para que o crescimento seja efetivamente sustentável.

O Brasil precisa entender que não há atalhos. A inércia nos leva à decadência. E o trabalho sério, o respeito ao cidadão e o planejamento nos conduzem ao progresso. No fim das contas, tudo pode mudar, mas a lei da semeadura não muda: o que se planta hoje é o que se colhe amanhã.

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