Publicado em 31 de Agosto de 2025
A reunião no Alasca mostrou que os Estados Unidos mudaram de posição. Até agora, a conversa era sobre cessar-fogo na Ucrânia, um arranjo que deixaria a guerra em banho-maria. Trump foi além: falou em acordo de paz. Isso não é detalhe, é mudança de estratégia.
O cessar-fogo sempre interessou à elite tecnocrata de Bruxelas. Mantém o conflito vivo, dá tempo para expandir fábricas de armas e garante pressão constante sobre a Rússia. A paz, ao contrário, obriga Zelensky a aceitar perdas e desmonta o plano europeu de administrar a guerra como zona cinzenta. Para Moscou, é a chance de transformar resultado militar em reconhecimento político.
Trump não quer gastar dinheiro indefinidamente com Kiev. Ele não pretende manter sanções sem fim, nem enviar pacotes bilionários de ajuda. Prefere encerrar o conflito de forma estável e focar em prioridades internas, como a reorganização da economia americana. É também um recado direto: se os tecnocratas europeus quiserem prolongar a guerra, que usem os próprios recursos.
Para essa elite, é um choque. O discurso da “guerra inevitável” serve como combustível para liberar verbas, expandir burocracias e manter o poder centralizado em Bruxelas. Mas a paz desmonta esse roteiro e expõe contradições que estavam escondidas. A Alemanha, motor da União Europeia, já não sustenta sua indústria com energia cara e consumo em queda. O que resta é um continente que se endivida para bancar fábricas de armas enquanto perde competitividade no coração da sua economia.
A Ucrânia está no limite. Mais de 650 mil homens em idade de combate deixaram o país desde 2022. O recrutamento virou terreno de corrupção e a população já não acredita numa vitória. Jovens fogem, famílias se fragmentam e a economia colapsa sob a lógica da mobilização permanente. Zelensky insiste em não ceder territórios, mas Washington deixou claro que não manterá essa linha sozinha. O presidente ucraniano terá de escolher: ou resiste isolado e arrisca perder tudo, ou aceita uma paz que não foi desenhada em Kiev.
Para o Brasil, a mudança de rumo não é detalhe distante. Energia, grãos e fertilizantes são mercados diretamente afetados por qualquer alteração no leste europeu. Uma paz que estabilize parte da região pode reduzir volatilidade e abrir novas janelas comerciais. Ao mesmo tempo, a crise europeia é lição de alerta. A submissão a agendas externas — como a política energética que encareceu a eletricidade alemã — levou ao esvaziamento da indústria e à perda de empregos. Repetir esse caminho seria suicídio econômico para nós.
Se a Europa virou refém de tecnocratas que vivem da guerra, o Brasil precisa escolher se continuará refém de agendas que nos reduzem a exportadores de matéria-prima. Esse é o ponto central: soberania não é discurso, é decisão prática sobre energia, crédito e política industrial. Ao contrário da Alemanha, que desmontou sua base de energia barata, o Brasil ainda pode garantir matriz estável e preços competitivos. Ao contrário da Ucrânia, que se tornou peão de tabuleiro, o Brasil tem margem para agir como ator independente.
Trump mudou o tabuleiro. Não fala em pausa, mas em fim de guerra. Isso altera os cálculos de Moscou, de Kiev e da burocracia europeia. Se o acordo virá ou não, ainda é incerto. Mas ficou claro que a iniciativa voltou para Washington. E se os Estados Unidos retomam a dianteira, o Brasil não pode seguir como espectador acomodado. É nesse tipo de mudança que se definem posições estratégicas para a próxima década.
Para compreender com mais detalhes o contexto acesse o vídeo na íntegra no link: https://www.youtube.com/watch?v=nu8kWm4-rGo&list=PLK-jlXTyc09Xq26pwx6NnEX7Ebio8m1j9