CPMI do INSS: A sombra dos bancos e a escolha de Tabata

A CPMI do INSS, a popular “CPMI do Roubo dos Aposentados”, deve ser instalada para investigar um rombo de R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos de aposentadorias e pensões, um esquema que ganhou força no governo Lula. Nos últimos dois anos, R$ 4,1 bilhões foram desviados, quase dois terços do total. No centro da trama estão o INSS, o governo e os bancos, que lucram com associações conveniadas, descontando valores sem a autorização dos aposentados. O ministro da Previdência de Lula, Carlos Lupi, sabia do problema desde junho de 2023, mas só agiu dez meses depois. Mais grave: o governo Lula se reuniu 15 vezes com entidades suspeitas desde 2023, incluindo a Contag – uma das maiores beneficiárias –, presente em 13 encontros. Isso sugere, no mínimo, omissão – ou algo mais comprometedor.

A ventilação do nome da deputada Tabata Amaral como possível relatora, sugerida pelo líder do governo, Randolfe Rodrigues, revela uma articulação estratégica. Filiada ao PSB de Geraldo Alckmin, Tabata projeta uma imagem de renovação, com discurso de independência. Contudo, sua proximidade com o governo levanta suspeitas sobre sua isenção. Apesar de assinar o requerimento da CPMI e classificar o esquema como “cruel”, sua indicação parece uma tentativa de controlar a narrativa, como ocorreu na CPMI do 8 de janeiro. A oposição, com figuras como Damares Alves e Coronel Fernanda, quer responsabilizar o Planalto, mas o governo parece empenhado em emplacar uma relatora que aparente neutralidade sem aprofundar demais as investigações.

As ações do governo Lula, incluindo a escolha de Tabata, indicam relutância em expor os verdadeiros responsáveis – ou parte deles. Movimentar R$ 6,3 bilhões em fraudes, ou os R$ 90 bilhões do mercado de consignado com tamanha impunidade exige, no mínimo, conivência. Os bancos, que lucram com juros e descontos, estão no centro do esquema. Mas o governo, a base aliada e a imprensa sequer tocam na questão.

A CPMI do INSS pode ser uma chance de esclarecer a rede de interesses que prejudica os aposentados. Mas com as manobras do Planalto, há o risco de mais uma investigação terminar sem resultados concretos. A questão é: Tabata conduzirá uma apuração rigorosa ou apenas seguirá o roteiro de transferir a responsabilidade e proteger os poderosos? Os aposentados, vítimas dessa trama, merecem mais do que um teatro – merecem justiça. Que todos os envolvidos paguem pelo que fizeram, sejam eles associações, políticos, bancos e até mesmo o irmão do presidente da República.

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