O patrão enlouqueceu! Esse slogan serviria perfeitamente para o governo brasileiro, uma vez que o país atingiu uma desvalorização massiva da sua moeda, curiosamente no mesmo momento em que nossos ativos estratégicos passaram a ser, não apenas cobiçados, mas alvos concretos de nações estrangeiras.
Nesta semana, a mineração Taboca, uma das maiores produtoras de estanho do país, localizada no Amazonas, a cerca de 250 km de Manaus, e que pertencia à peruana Mansur S.A., foi vendida para a estatal chinesa China Nonferrous Metal Mining Group por cerca de 340 milhões de dólares.
Curioso que peruanos e chineses possam explorar nossas commodities na Amazônia, enquanto empresas brasileiras enfrentam a resistência do Ministério Público, do Ibama e de GO-ONGs (organizações não governamentais patrocinadas por governos), que atuam livremente e de forma ostensiva em nosso território.
Em meio a esse grande cenário de empobrecimento da população causado pela desvalorização do dólar, o Dep. Filipe Barros apresentou uma série de requerimentos para órgãos de controle, a fim de garantir que não tenha havido nenhum movimento orquestrado por multinacionais estrangeiras com a intenção de adquirir ativos estratégicos no Brasil a preços muito inferiores aos do mercado internacional. Barros também buscou preservar a integridade financeira do mercado, tentando identificar movimentos especulativos que os tenham manipulado.
Não se trata de um pedido descabido, afinal, na mesma semana, o Texas, assim como outros dez estados republicanos americanos, acionaram judicialmente os fundos BlackRock, Vanguard e State Street por conspirar contra o sistema energético americano por terem causado grande prejuízo ao país e a sua população através da utilização de empresas investidas que controlavam outros negócios de maneira a implantar uma pauta ideológica travestida de decisão estratégica de mercado e investimento.
Se conspiram nos EUA, não fariam isso no Brasil ?
Intervencionismo Estatal! Esse foi o grito imediato contra o – atenção! – pedido de informação do Deputado. A justificativa: “Precisamos defender a Liberdade do Capital”.
Os liberais, sempre eles, tentando se camuflar como conservadores (ou como “direita”) apenas para impor uma ideologia contrária ao que realmente significa o conservadorismo. É por isso que o liberalismo nada mais é do que a serpente no Paraíso.
Vamos aos Fatos.
Inicialmente, “Liberdade de Capital” não existe. A liberdade é da natureza dos seres animados, que tem alma, enquanto capital tem finalidade, utilidade e mobilidade. O sistema econômico, constituído pelas estruturas de negócios, empresas e mercado de capitais, não tem uma natureza ideológica, mas completamente utilitária, sendo um conjunto de meios para atingir um fim – fim esse que a ideologia tenta moldar a partir da busca pela verdade.
O liberalismo é mutilado e reducionista. Sua essência está, exclusivamente, na defesa do livre mercado como fim em si mesmo, atribuindo-lhe um caráter de pessoa, e não de coisa ou meio. Não por menos, todas as civilizações da história — seja budista, ocidental, confuciana ou islâmica (que integra elementos da filosofia aristotélica, grego-romana e mediterrânea ocidental) — sempre buscaram a verdade por meio da ciência, filosofia, matemática, urbanismo, artes, literatura, teologia e da construção de uma identidade coletiva, de um vínculo comum que une seus membros (aí inclui-se também o cristianismo) e foram efetivamente livres na medida que escolheram seu modelo produtivo, econômico, político e cultural.
Agora, se cremos na “liberdade do capital” que, assim como o marxismo, se baseia em uma corrupção do conceito da liberdade cristã (de dimensão global), teremos que compreender a inevitabilidade de uma constituição e penas globais que preservem, previnam e punam eventuais “ataques” a esse “ direito fundamental à vida” do capital e, por isso, este transforma-se em globalismo, uma forma inevitável de internacionalismo, onde a civilização é remodelada por uma liderança econômica oligopolista.
Daí resulta que o Liberalismo também é um erro antropológico, pois define o propósito da vida a partir das vontades do indivíduo, apresentadas como direitos que podem se opor a toda e qualquer obrigação social ou imperativo político. No limite, tudo o que é possível é permitido e, portanto, vê como opressão do Estado qualquer escolha moral ou limitação de ação, pois o justo (e, consequentemente, a liberdade) deve estar acima do bem.
Nossas crianças já aprendem isso desde cedo, afinal, em face de uma repressão paterna, protestam com: “Isso não é justo!” ao invés de dizer “Isso não é o bem”?
Partindo do principio do desejo e das vontades como parâmetro da moral, o liberal consegue justificar qualquer ação humana: fazer sexo na rua, usar drogas, apostar no “tigrinho”, andar pelado e dirigir na contramão – tudo em nome das prerrogativas individuais como fonte do bem. Não por menos, o liberalismo forneceu toda a base para a teoria queer, afinal, “meu desejo me define”.
A cultura do narcisismo, a desregulação extrema dos mercados e do ser humano, o fim dos Estados, a ideologia de gênero, a arte moderna, a apologia dos híbridos e a lógica dos mercados — o justo acima do bem, a vontade individual como critério universal — tudo isso nasce do pestilento ventre do liberalismo, que tem por fim acabar com toda e qualquer identidade coletiva, incluindo a família e o cristianismo.
Alguns dirão: “Peraí, o liberalismo é uma doutrina muito ampla, pois é filosófica, política e econômica”. Sim, nesse conceito vazio de liberdade cabe tudo: de Burke a Hayek, de Locke aos libertários americanos, de Anitta a Mozart. Já outros argumentarão: “Ah, não. Somos liberais na economia, mas conservadores nos costumes”. É uma ideia curiosa em que o homem pode ser limitado, mas o capital não. A liberdade humana, para o liberal, é inferior à liberdade das coisas. Mais uma corrupção da liberdade, uma empada sem recheio que não faz sentido no cristianismo.
E com esse internacionalismo sagrado do capital, colocando a liberdade das coisas acima da liberdade humana, o liberalismo destrói a soberania do sistema econômico para, em seguida, destruir o sistema produtivo, o sistema político, a soberania dos Estados e, por fim, atinge o sistema cultural, a tradição e a família.
Nosso país, enquanto uma verdadeira República, deveria assumir o significado da liberdade republicana, que se fundamenta na sociedade e se manifesta em uma forma de ser e viver concreta, baseada na verdade do ser, com esse elo comum de valores fundamentais para criarmos coesão social e confiança.
Não esqueçamos que quando Deus quis dar liberdade aos homens, deu-nos mandamentos: uma lei inspirada no bem para garantir a liberdade.
Novamente somos tentados com a mesma pergunta que nos empurrou a corrupção humana: . “Mas foi isso mesmo que Deus disse?” Sim. O liberalismo é a serpente que macula nosso paraíso chamado liberdade cristã: essa sim a verdadeira liberdade, que nos impulsiona à grandeza e nos afasta da escravidao e da subserviência.