O ferrenho combate contra o pum da vaca e a política externa

Por Luigi Marnoto

08/11/2024

A diplomacia brasileira está voltada única e exclusivamente para vender os recursos naturais do país da melhor e mais vantajosa forma.

Mas será que o Brasil, essa potência agrícola e grande exportador de carne que alimenta o mundo conta com o apoio adequado das suas instituições públicas para essas realizações? Os produtores podem enfrentar dificuldades para competir no comércio internacional, muitas vezes sem o suporte das instituições públicas.

O comportamento dessas instituições evidencia tanto sua ineficácia quanto às intenções dos agentes públicos que as administram.

Com o PT no poder executivo, nota-se a incapacidade de enfrentar a crise de crédito no Rio Grande do Sul, sobretudo após as trágicas enchentes do início do ano. Muitos produtores precisam renegociar suas dívidas para poderem iniciar a próxima safra e não serem executados enquanto lidam com os custos iniciais da produção.

Mesmo sem resolver os problemas no maior estado exportador de arroz do Brasil, o PT promoveu uma grande distribuição de verbas públicas para projetos culturais. Essas verbas foram direcionadas a ONGs ligadas ao partido através do Ministério da Cultura.

Para aqueles que ainda têm dúvidas, fica claro que qualquer instituição controlada pelo partido serve prioritariamente aos interesses do partido, deixando de lado o povo mais necessitado. A causa do partido é manter seu poder, e a estratégia é a crescente precarização da população brasileira.

Se as instituições internas estão mal equipadas para funcionar, menos preparadas estão as missões de relações exteriores.

O Itamaraty – que parece mais preocupado com questões de gênero, mudanças climáticas e manutenção da “democracia” – claramente não está capacitando o Brasil para os conflitos resultantes do processo de desglobalização.

Além disso, as políticas climáticas têm sido pretexto para a presença de ONGs e instituições estrangeiras no território brasileiro, o que tem trazido impactos negativos para o agronegócio.

Discutir a “defesa da democracia” é, na prática, discutir como manter o poder nas mãos das elites econômicas globais. 

Assim, nossa política externa está imersa em temas neoliberais e “wokes” ao mesmo tempo em que falha em auxiliar nossos produtores.

Com a vitória de Donald Trump, o mundo não se tornará melhor ou pior de imediato, mas se tornará certamente mais complexo e competitivo. Trump deve priorizar os interesses dos EUA acima de relações comerciais amigáveis, provavelmente se envolvendo em conflitos geopolíticos para garantir ativos estratégicos e promovendo guerras cambiais para sustentar a hegemonia do dólar.

E o Brasil, envolvido com os BRICS e outras iniciativas contra-hegemônicas, como reagirá? Vai ceder passivamente às pressões americanas na esperança de manter boas relações com a superpotência, ou buscará uma agenda de realpolitik para se organizar internamente?

O Itamaraty parece priorizar a luta contra o “pum da vaca”, aguardando reconhecimento das outras nações pelo seu empenho nesse debate.

Essa, infelizmente, é a essência atual da política externa brasileira.

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