Qual Brasil Queremos Ser?

Por Daniel Galli

21/06/2024

Um dos maiores desastres da história do país ainda está em curso e a situação não vai ser resolvida tão cedo. Para nós, cidadãos comuns, o sentimento é de indignação, tristeza e impotência. São inúmeros os motivos para estarmos nesse espécie de transe amargo: O poder público no Brasil nunca foi sinônimo de eficiência – isso quando não se aproveita para lucrar política e financeiramente sempre que acontece algo assim. A bandidagem continua se aproveitando da tragédia e a preocupação da primeira Janja é o fato de que policiais masculinos estão cuidando dos abrigos. Normal. Sabemos que para qualquer petista, a presença do policial é sempre mais preocupante que a do bandido. Além de tudo isso, o consórcio de mídia têm feito uma cobertura vergonhosa, escancarando as relações promíscuas entre a imprensa e o poder estabelecido. E por aí vai.


Aqui não vai nenhuma crítica aos indignados – a indignação é um sentimento natural para qualquer ser humano que ainda tem um mínimo de humanidade. Mas, para além da repulsa genuína diante de iniquidades, o momento pede algo maior. Ainda há muito o que reerguer: cidades, economias e famílias destroçadas pela tragédia. É urgente ter paciência e é prudente ter urgência.


As famílias destruídas, o colono que perdeu o pouco gado que tinha, ou o produtor rural que viu o trabalho de uma vida ir literalmente por água abaixo, não estão preocupados se a origem da catástrofe é a inação de governos ou desinformação da mídia. Tampouco se a causa da catástrofe é culpa dos puns das vacas, como clamam os seguidores da Seita Universal do Aquecimento Global.


O senhorzinho que está sem água há dias não vai querer saber se a água que chegou ao abrigo foi doada por um oportunista com fins marqueteiros. ¨Não, dessa água não bebo, porque é coisa de marqueteiro”.
Não, meu amigo, essas pessoas estão preocupadas em como seguir em frente, como reconstruir suas vidas.


Tragédias fazem parte da experiência humana e vale exaltar e divulgar os atos de heroísmo e solidariedade que temos visto. Mas o que será do Rio Grande do Sul quando as águas baixarem e a mídia, os políticos e mesmo nós, tão indignados, deixarmos a tragédia cair no esquecimento?


O Estado do Rio Grande do Sul vai precisar de um projeto, algo que, por enquanto, não temos. E o Estado, mesmo que ineficiente, terá que participar; assim como empresários bolsonaristas, lulistas, dinheiristas, marqueteiros, o que for, terão que se envolver. Se por marketing ou por amor ao próximo, pouco importa. Sabemos que há engenheiros, economistas e empresários que ajudariam nesse projeto sem cobrar nada.


Mas quais lideranças vão tomar essa missão para si? Até o momento, como de praxe, o Governo está mais preocupado em calar e perseguir inimigos do que em perseguir soluções. Haja vista a nomeação de Paulo Pimenta, um jornalista, para cuidar da reconstrução do Estado. Não parece um bom sinal.


A reconstrução do Rio Grande do Sul vai levar tempo, custar dinheiro e vai exigir esforço e sacrifício de todos os brasileiros. Parafraseando Martin Luther King, o que deve nos preocupar não é a ação dos maus, eles sempre estão de butuca para se aproveitar das tragédias. O que deve nos preocupar é a omissão dos bons. É hora dos bons mostrarem que o Brasil não é o país das bundas rebolantes e da malandragem, mas o país da caridade e do trabalho duro. Qual Brasil queremos ser?

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